segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O país de calças arregaçadas

O país está a banhos. Não a banhos oceânicos mas pluviais. Entre as 4h e as 5h da madrugada foram registados em Lisboa 30 mililitros de precipitação - o que extravasa largamente as precipitações verificadas no caso McCann. O caos diluviano instalou-se um pouco por todo o país e já provocou uma morte e um desaparecido.
Interpelado o ministro do Ambiente (sem que se perceba bem porquê, há quem veja em Nunes Correia uma espécie de meteorologista-mor, quando o homem é mais do estilo "eu é mais bolos"), fica-se a saber que o fenónemo é da competência autárquica e que o estado de sítio se deve à falta de manutenção das infraestruturas urbanas. Ou seja: eu mando no Ambiente, com maiúscula, está a ver, não no ambiente, com minúscula; ambiente no sentido técnico ou lato, compreende?...Os problemas da chuva é com o pessoal das câmaras.
E tem razão. A pasta do Ambiente é mais ideias gerais (planos e redes ecológicas nacionais, plataformas de avaliação de impacte ambiental etc.); esgotos e sarjetas (urbanas, jurídicas administrativas e outras) é com as autarquias.
O problema é que, para os senhores autarcas, muito em especial para os da capital, tudo o que envolva sarjetas é como os Planos: uma questão de pormenor. O que importa é dotar a polícia municipal com trotinetes eléctricas e assegurar estacionamentos gratuitos na cidade para os milhares de ciclistas alfacinhas, como propõe a vereação do PCP. Ruas alagadas por causa das sarjetas entupidas são uma fatalidade natural, e depois, não andava o povo a rezar ao deus da chuva? Portugueses, arregaçai as calças! Portuguesas levantai as saias! Eis o apelo do Dr. Costa e Cª Lda.

Sem comentários: