quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Presidente falou

Cavaco Silva falou ontem à comunicação social (ou ao país?). Com a sua natural solenidade e gravidade, manifestou a sua indignação com algumas figuras destacadas do "partido do Governo" que lhe haviam perturbado as férias algarvias, desafiando-o insolentemente a prenunciar-se sobre as actividades extra-assessoria dalguns dos seus assessores.
Sobre escutas e o afastamento de Fernando Lima disse que tudo não passou de uma tentativa de o "colar" ao PSD, pelo que, à cautela, resolveu colocar o seu assessor de imprensa de sempre no backoffice.
Ah, e informou também que se havia inteirado junto de diversas entidades da inviolabilidade do seu computador pessoal, tendo sido informado que nenhum sistema informático é absolutamente seguro...
E foi tudo.
Bem espremido, pouco ou nada se retira do que disse o Presidente da República. Fica pois a dúvida. A dúvida sobre se o Presidente alguma vez suspeitou de facto que algum dos serviços de informações sob tutela do Governo andava a escutar a Presidência ou a penetrar no seu sistema informático. A dúvida sobre se o seu principal assessor contactou ou não o director do Público para através deste denunciar que o Governo andava a espiar o Presidente, e se o fez por sua livre iniciativa ou a mando do Presidente.
Mas com estas dúvidas dorme o povo bem. O que lhe poderá perturbar o sono - porque lhe poderá perturbar a vida - é o instalado clima de guerrilha entre os dois principais órgãos de soberania do país. Ontem assumido pelo Presidente da República e retorquido pelo porta-voz do Governo - cessante e futuro.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Manuela Ferreira Leite II

No post anterior escrevi que nenhum dos déficites políticos da líder do PSD seriam suficientemente fortes para lhe garantirem a derrota nas legislativas. Ignorava eu (e a própria, certamente) o "factor Cavaco Silva". É que, a meu ver, foi de facto a péssima gestão política do "caso das escutas" feita pelo PR que contribuiu definitivamente para o mau resultado do PSD. Pois não seria de prever que, depois das suspeitas caídas sobre o Governo, muito sustentadas pelo silêncio da Presidência, o afastamento de Fernando Lima não seria interpretado pelo comum dos cidadãos como o reconhecimento pelo PR de tudo não ter passado de um boato? E, assim sendo, que era alguém da Presidência que andara a tentar tramar Sócrates?
Especulação, prognose póstuma ou não, aí está o resultado.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Manuel Ferreira Leite

Ignoro - felizmente - o que deverá a Dr.ª Manuela Ferreira Leite a António Preto e Helena Lopes da Costa. Mas o que deve - pois só alguém gravemente endividado se obstina na defesa de tão "corrosivos" apoiantes - ainda não será suficiente para lhe custar um mau resultado nas legislativas. Confuso? De maneira nenhuma.
É que são precisamente as fraquezas e fragilidades políticas da líder do PSD - o permanente ar de frete que põe nas suas intervenções públicas, a consfrangedora falta de jeito para o jogo político etc. - que lhe garantem o capital de credibilidade política (à semelhança de Cavaco Silva - lembram-se da cena da boca cheia de bolo-rei?) suficiente para ombrear com José Sócrates. Goste-se ou não.
Estou convencido que nem a notícia de que Manuela Ferreira Leite era afinal Manuel Ferreira Leite seria bastante para fazer os portugueses olharem com outros olhos para a líder do PSD. Não faltaria até quem, incapaz de admitir-se supreendido com a notícia, diria: " Eu sempre disse que era uma mulher com tomates!"