sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ex-ministro estrela

Melhor que ser ministro é ser ex-ministro. E se se for um ex-ministro auto-martirizado, melhor ainda.
Manuel Pinho parece tê-lo descoberto agora, cerca de dois meses depois de ter espetado os dois dedos indicadores à frente da testa, em pleno hemiciclo da Assembleia da República. É que, segundo disse ao Notícias TV, agora até lhe pedem autógrafos.
Quem sabe se não é o início de uma grande carreira televisiva - por exemplo, na Tertúlia Cor-de-rosa das manhãs da SIC.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mudar Portugal

Portugal está a mudar. E não é para Espanha como preconizava um dos nossos mais iluminados candidatos a candidato à Presidência da República, Manuel João Vieira. Portugal está a mudar-se para Fortaleza ou Porto Galinhas, ao ritmo do forró brasileiro que, segundo se noticia, todos os fins-de-semana invade o areal das praias da Linha de Cascais.
A chatice, para quem não gosta de forró, é que Fortaleza e Porto Galinhas também parecem querer mudar-se para a Linha...

As escutas e o bidé

O último tiro da guerrilha institucional entre Belém e S. Bento, ao que parece, não passou de um bitate dum misterioso assessor de Cavaco Silva.
Na minha leitura, confrontado por um jornalista sobre a sua eventual participação na elaboração do programa de governo do PSD, o assessor reagiu como reage qualquer culpado: atacou, e atacou descabeladamente, como o infiel conjugal instado a pronunciar-se sobre a sua infidelidade: se era eu que estava com ela no quarto 212?! Não me diga que era voçê que estava debaixo da cama?!
A ser verdade que assessores do PR colaboraram na elaboração do programa do PSD, é grave; e é grave porque coloca o Presidente de todos os portugueses a patrocinar um programa partidário. Mas, no entanto, qual é a surpresa? O nosso Portugal político é um T0 e Lisboa é um bidé.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A moral da bandeira

Várias leituras poderemos fazer do episódio do furto da bandeira dos Paços do Concelho: 1. Há um bando de putos dispostos a mobilizar os exércitos de Darth Vader para restaurar a monarquia em Portugal. 2. A política do policiamento de proximidade está a ser interpretada pelas autoridades policiais como policiamento por invisibilidade. 3. A cidade está de tal forma transformada num estaleiro que já ninguém suspeita quando vê alguém a meio da noite pendurado num escadote no edifício dos Paços do Concelho. 4. Há um rei putativo disposto a coligar-se com uma personagem de ficção científica para se sentar no trono da Nação.
Moral da história: ou a República dá um puxão de orelhas a estes putos reguilas ou um dia destes vemos uma das novelas da noite da TVI subitamente interrompida pela ameaçadora figura de Darth Vader comunicando ao país o derrube da república.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Actualidades flaubertianas

Quando se muda de país, nem sempre o pudor vai atrás.
A frase, de Flaubert, já conta mais de cem anos, mas podia ter sido escrita hoje. Basta observarmos o trânsito dos nossos emigrantes pelas nossas zonas balneares para o verificarmos. Não faltarão Mercedes luxemburgueses, Audi suiços e monovolumes Volkswagen alemães estacionados nos passeios ou descontraidamente parados em segunda fila, enquanto as petites Giseles e os petites Nicolas lambem gelados na esplanada.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

As amigas do Brasil

Segundo o DN de hoje, as nossas irmãs das Terras de Veras Cruz são já as maiores impulsionadoras da subida da taxa de natalidade em Portugal (e, inversamente, segundo a associação de mulheres e esposas do distrito de Braga, as maiores promotoras de divórcios no país).
Enfim, a ser verdade - e, a avaliar pelo português açucarado que se ouve por toda a parte, não é de duvidar -, é tal o encantamento que as nossas irmãs de Vera Cruz tem suscitado por cá que, para além das irmãzinhas, Vera Cruz também mandou vir a prima Neidgi, Ivete, Mariela, Juliana, Fernanda, Eliéte; as sobrinhas Gisela Maria, Isabela, Bruna, Luana do Rosário e até uma amiga alta e espadaúda, chamada Rosângela, que adora tops de lantejolas e passeios nocturnos na Conde de Redondo - disse-me um taxista conhecido, para que conste.

Ronaldo está com a gripe

Ao que parece, Cristiano Ronaldo está com a gripe.
Era só esta que faltava o puto levar para a cama...

A lady e o Obélix

Pedro Tinto, desculpem, Pedro Pinto, o Obélix de sempre de Pedro Santana Lopes, veio hoje a terreiro tomar as dores do seu melhor amigo e empregador, depois da insólita entrevista concedida por Maria José Nogueira Pinto ao DN de ontem (não sei porquê, sempre que penso na antiga Provedora da Santa Casa da Misericórdia, aquele seu eterno ar senhorial, docemente aristocrático, inspira-me vassalagem e dou por mim a usar verbos como conceder...).
Certamente mais inspirado pela perspectiva de um regresso ao pelouro das obras de Lisboa do que ressabiado pela sua exclusão das listas do PSD para o soporífero Parlamento, Pedro Pinto veio apelidar lady Nogueira Pinto de páraquedista e camaleão político, por esta ter dito que apoiava António Costa para a Câmara de Lisboa e, concomitantemente, aceite integrar as listas do PSD.
Compreendo o papel de Pedro Pinto. Afinal, todo o Astérix tem o seu Obélix. Mas nunca se deve submestimar o killer instint de uma lady - ainda para mais , uma lady com o confortável estatuto de independente. Além do mais, deploro a falta de imaginação metafórica de Pedro Pinto. É que de coche, limusina ou jacto particular ainda imagino lady Nogueira Pinto a instalar-se no PSD, mas de pára-quedas, meu caro, de todo! Garça real ou leoa branca ainda vai, agora camaleão?!, com franqueza, que falta de classe, meu caro, jamais!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

É da loura que eles gostam mais

Joana Amaral Dias bem que podia pôr-se à janela a cantar a velha canção: todos me querem e eu não quero ninguém... Depois do idílio com o BE - a quem temos de agradecer o serviço prestado à extensa minoria dos heterosexuais apreciadores de louras portugueses -, veio a "facadinha" com Mário Soares e a zanga e o subsequente divórcio do BE. Livre e politicamente desimpedida, Joana Amaral Dias não precisou pestanejar duas vezes para o PS, por via (telefónica) do solícito e auto-presumido amigo pessoal (querias!) da visada, secretário de Estado Paulo Campos, palpar terreno, ou em terminologia mais politicamente correcta, "indagar" da disponibilidade da miúda gira da política nacional para um namoro sério, com direito a dote na forma de lugar garantido no Parlamento.
Vendo-se associada a uma nada confortável variação da mais velha profissão do mundo aplicada à política, Joana Amaral Dias veio expor a já ampla careca do secretário Campos e recolheu-se a um casto silêncio - talvez só quebrado para cantar: todos me querem e eu não quero ninguém...

Miss Bean

Manuela Ferreira Leite está capaz de se transformar na Miss Bean da política nacional. O estilo inspira muito menos gargalhadas do que o personagem original, mas na prática não lhe fica atrás.
Perceber a lógica que terá presidido à feitura das listas do PSD para as legislativas é tão desconcertante como observar Mr. Bean a preparar um refeição de Natal. De trapalhada em trapalhada, a refeição lá se apresenta, gorda de expectativas, mas no fim explode, mancha paredes, faz estremecer os alicerces da casa e a personagem acaba a sózinha, a rever a receita.
É que por muito politicamente inábil que seja a líder do PSD - e esta é-o confrangedoramente -, não se entende como se pretende congregar coerência e seriedade numa lista onde pontificam Maria José Nogueira Pinto e António Preto; nem se alcança como se quis renovar equipas quando se convoca à pré-reforma Couto dos Santos e Deus Pinheiro - figuras que nem se destacaram nos idos do cavaquismo pelo seu fulgurante desempenho parlamentar. É como misturar na mesa da ceia de Natal velhas porcelanas e copos descartáveis.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Vamos isaltinar com Louçã

Francisco Louçã defende que Isaltino Morais tem condições, "até à decisão de trânsito em julgado", para continuar na corrida para a Câmara de Oeiras. Segundo o cardeal da ética política, o papa da moralidade partidária, o reverendo da esquerda caviar nacional, o xamã das causas fracturantes cá do burgo, o que verdadeiramente o incomoda não é que haja candidatos a cargos públicos indiciados, acusados e condenados judicialmente por abuso de poder e fraude fiscal que possam manter-se nessa condição, unicamente sujeitos a uma voluntária auto-censura de consciência; o que perturba o professor Louçã é "que a Justiça seja tão lenta".
Ou seja: para o professor Louçã, é um escândalo que empresas com lucros despeçam trabalhadores com fundamento na crise; para o papa Louçã é uma heresia que empresas participadas pelo Estado obtenham lucros astronómicos explorando sectores estratégicos em monopólio; para o cardeal Louçã é um ultraje que o primeiro-ministro minta constantemente no Parlamento - e a gente (salvo seja!) concorda e vai lavando a alma com as verdades reveladas pela luz das suas palavras. Mas, de repente, cai do céu, quando percebe que, se no princípio do xamã Louçã era o Verbo, afinal, só se for o verbo isaltinar.