Francisco Louçã defende que Isaltino Morais tem condições, "até à decisão de trânsito em julgado", para continuar na corrida para a Câmara de Oeiras. Segundo o cardeal da ética política, o papa da moralidade partidária, o reverendo da esquerda caviar nacional, o xamã das causas fracturantes cá do burgo, o que verdadeiramente o incomoda não é que haja candidatos a cargos públicos indiciados, acusados e condenados judicialmente por abuso de poder e fraude fiscal que possam manter-se nessa condição, unicamente sujeitos a uma voluntária auto-censura de consciência; o que perturba o professor Louçã é "que a Justiça seja tão lenta".
Ou seja: para o professor Louçã, é um escândalo que empresas com lucros despeçam trabalhadores com fundamento na crise; para o papa Louçã é uma heresia que empresas participadas pelo Estado obtenham lucros astronómicos explorando sectores estratégicos em monopólio; para o cardeal Louçã é um ultraje que o primeiro-ministro minta constantemente no Parlamento - e a gente (salvo seja!) concorda e vai lavando a alma com as verdades reveladas pela luz das suas palavras. Mas, de repente, cai do céu, quando percebe que, se no princípio do xamã Louçã era o Verbo, afinal, só se for o verbo isaltinar.
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