terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Estatuto dos Açores

À semelhança do que vai acontecendo com muitas empresas e bancos nacionais, o consórcio de cooperação estratégica celebrado entre o Presidente da República e o Governo faliu. Cavaco Silva sente-se traído pelo Governo (e pela oposição?) - e tem razão. Por muito indiferentes que estejamos à questão do Estatuto Político-Administrativo dos Açores (temos razões para estarmos mais preocupados com o nosso estatuto económico-financeiro - e com o Reveillon!), a verdade é que é inaceitável que o PR, para dissolver uma assembleia regional, tenha de consultar mais gente que para dissolver a Assembleia da República. Mas, mais grave do que isso, só mesmo a abstenção do PSD. Paulo Rangel, o novo Calimero da política nacional, é uma nulidade parlamentar; Manuela Ferreira Leite, é, cada vez mais, como na rábula do Carlos Cunha, chefe (só) de si mesma.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A memória selectiva de Israel

Sempre que, de tempos a tempos, somos violentamente confrontados com a brutalidade dos raides punitivos israelitas na Faixa de Gaza, dou por mim a perguntar-me se o Holocausto já não é uma memória longínqua para muitos dirigentes israelitas...
Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. (provérbio judaico)

Já sabe onde vai passar Reveillon?

Nesta época, é costume sermos assaltados pela pergunta onde vais passar o Fim de Ano? Nunca foi interrogação que me tomasse muitos minutos de espírito. Em regra, passo a fronteira invisível (ou risível?) entre o ano velho e o novo em casa - na minha ou de amigos. Nunca teve, para mim, especial significado a chamada passagem de ano. Não me empoleiro nas cadeiras nem degluto as doze passas, muito menos costumo aproveitar a ocasião para testar a resistência das panelas e dos tachos (e dos ouvidos) lá de casa. E nunca me passou pela cabeça desatar a disparar uns quantos zagalotes à varanda (mais por não ter com que os disparar, do que por não ter quem atingir). Mas, este ano, se já não tinha grandes dúvidas sobre para onde ir comemorar a chegada de 2009, tenho agora pelo menos uma certeza: não me convidem para emborcar champanhe e devorar passas, sentado numa sala de urgência hospitalar. Nem que me engasgue com as passas ou leve um tiro de rolha da garrafa de champanhe!

domingo, 28 de dezembro de 2008

A minha foi maior que tua!

Paulo Portas voltou (voltou como quem diz, pois nunca chegou a sair) a ser reeleito para presidir ao CDS-PP (sigla que cada vez mais me convenço que significa precisamente Paulo Portas). E como se não bastasse a sua incapacidade de perceber que reina no deserto, o homem fez questão de comparar o número de votantes que o reelegeram com os números da votação que elegeram Sócrates secretário-geral do PS! É caso para dizer: A minha é maior que tua, ó Sócrates!

A 25ª hora

Estou a pensar propôr à senhora ministra da Saúde a criação de um pacote tipo escapadinha à urgência hospitalar: 1 dia e uma noite em regime de meia-pensão em sala de espera, para oferecer aos utentes do SNS. Segundo se notícia, houve urgências hospitalares que, este fim-de-semana, registaram tempos de espera de 25 horas, pelo que, parece-me termos aqui uma boa oportunidade de rentabilizar a muita procura e a elevada taxa de ocupação das salas de espera dos nossos serviços hospitalares. Pelas minhas contas (para as quais contei com a preciosa colaboração do senhor ministro Teixeira dos Santos e de alguns banqueiros nacionais), a contar com uma taxa média de adesão na ordem dos 200%, lá para Outubro o Governo já poderia começar a aplicar o retorno do investimento no melhoramente da ergonomia das cadeiras das salas de espera e, quem sabe, na instalação de mais televisores nas mesmas...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Costa alerta

Pela primeira vez, António Costa parece temer pela reeleição em Lisboa.Vendo a sua muleta política (Sá Fernandes) fragilizada e a sua conveniente substituta (Roseta) assediada pelos ex-apoiantes da muleta, o presidente Costa começa já a apelar a uma coligação de esquerda.
Entretanto lá conseguiu acalmar os ânimos dos cantoneiros, que já pareciam dispostos a realizar um remake da fita " A lixeira de Nápoles". Num ano em que nada se fez na capital, aguarda-se tranquilamente pelas mega-produções eleitoralistas.

O ginasta Alegre

Manuel Alegre bem que insiste na espargata política, mas a idade (e o ego) não perdoam. Um homem político pode andar a enganar meia esquerda todo o tempo; e até pode conseguir enganar toda a esquerda durante algum tempo; mas não consegue enganar toda a esquerda durante todo o tempo. É uma questão de pernas, e dos seus limites de elasticidade.
Alegre tem fama de ter sido um bom nadador e um razoável caçador. Mas a ginástica dos ideais não é o seu forte: a espessura da sua personagem ética pura e simplesmente não apresenta a "flexibilidade" da política do séc. XXI.
Tem de se decidir. Vai daí, não tarda teremos um novo movimento político por si liderado. Mesmo que não seja um "santo milagreiro", nem seja ele a defender a insurreição.

Um sapato para Bush

Um "patriota" iraquiano atirou um dos seus sapatos ao (ainda) presidente Bush, durante uma conferência de imprensa em Bagdad. Segundo o site noticioso Portugal Diário, que cita um alegado amigo do "patriota" semi-descalço, nada fazia prever tal gesto. À cautela, cem advogados iraquianos já se ofereceram para defender o "atirador".
A meu ver, ninguém percebeu o gesto. Não se tratou de um acto violento, mas de um autêntico gesto simbólico de generosidade. Obrigado a coabitar com o astro Obama, Bush parece arrastar-se no plateau mundial, qual estrela-bufa em declínio, vai daí, uma boa alma iraquiana decide presenteá-lo com uma das poucas coisas que a campanha contra o Eixo-do-Mal permitiu aos iraquianos conservar: um par de sapatos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O anti-absentista e os manequins

A balda geral de cerca de três dezenas de deputados social-democratas, no dia da votação da suspensão do processo de avaliação dos professores indignou, em directo na Rádio Clube Português, o ex-líder parlamentar do PSD Guilherme Silva. "Não há nada que «justifique a irresponsabilidade de uma ausência e de uma ausência num momento relevante», sentenciou. E disse mais: «Quem está desmotivado e não se sente capaz de exercer o mandato com o grau de responsabilidade à altura do estatuto deste cargo, simplesmente pede a substituição».
Questionado, nos corredores do Parlamento, por jornalistas da TVI, sobre o assunto, o mesmo Guilherme Silva aventou que há muito defende a não realização de sessões plenários à sexta-feira, já para obstar a que os senhores deputados cedam à tentação de apressar o seu retorno semanal às suas famílias...
Melhor solução que esta, realmente, só se instituirem o tele-trabalho na Assembleia, e mesmo assim, suponho que não faltariam deputados dispostos a pespegar um manequim de montra em seu lugar, em frente ao écran. Com o que só teriamos a ganhar, dado o conhecido dinamismo daquelas peças de vitrine...

O tempo de Ferreira Leite

A propósito da correcção efectuada pelo ministro das Finanças às previsões do défice orçamental (que afinal já pode ser de 3%, e não 2,2%), Manuela Ferreira Leite veio acusar o Governo de "fazer política fora do tempo" - o que não deixa de ser curioso, vindo de quem não costuma falar e quando fala, fá-lo invariavelmente ou fora do tempo ou revelando total desconhecimento do nosso tempo.
Enfim, é sabido que a Dr.ª Ferreira Leite não gosta (nem sabe) de falar, mas, ao que parece, anda a aprender. Daí talvez que já se queixe por Sócrates não a ter ouvido numa matéria de particular relevo nacional, como a possibilidade do país vir a acolher ex-prisioneiros de Guantánamo.
Mas não alimentemos por isso demasiadas expectativas sobre a capacidade de intervenção da líder do PSD. É que, a senhora quer falar, mas, preferencialmente, em uníssono com os restantes líderes parlamentares. Pois alguém está a ver a Dr.ª Ferreira Leite, sózinha com Sócrates, numa sala de S. Bento, a fazer conversa de circunstância sobre Guantánamo?!