O processo Vale e Azevedo é um bom exemplo de como a burla, a falsificação, a indignidade profissional e a degenerescência ética, quando praticadas com o luxo e a sofisticação só concedidas ao sucesso, ganham a aura de fita hollyhoodesca. Segundo o Correio da Manhã, o ex-presidente do Benfica e advogado de sucesso, condenado em 2006 a sete anos e meio de prisão pela prática de vários crimes de burla e falsificação de documentos, está a viver, não como um Corleone ou Escobar, mas como um verdadeiro lorde inglês, em Londes, no bairro mais caro da capital britânica. Apesar de contra si impender um mandado de detenção europeu, o advogado, actualmente inibido pela Ordem, pelo período de 10 anos, de exercer advocacia, vive luxuosamente a cem metros da nossa embaixada londrina e é vizinho de Abramovitch, fazendo-se inclusivamente transportar num Bentley conduzido por motorista.
Nas palavras do seu mandatário londrino, Vale e Azevedo não está (por enquanto, acrescento eu) fugido à justiça portuguesa, estando simplesmente a aguardar pelo resultado do cômputo de penas a que foi condenado. Ou seja: enquanto por cá lhe fazem a contabilidade dos anos de prisão a cumprir, Vale e Azevedo, por lá, vai gozando placidamente a vida, entretido a especular no sector dos cereais e do etanol.
À cautela, o PGR já veio dizer que o mundo é grande, pelo que poderá ser difícil ver cumprida a detenção do ex-advogado.
Aos lesados resta-lhes, por sua vez, crer que Deus é grande, como o mundo do PGR e a impunidade do ex-presidente do Benfica.
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