segunda-feira, 30 de junho de 2008

O bastão de Marinho

Aí está mais uma vez o dr. Marinho e Pinto. Ainda as mais diversas associações femininas (ou feministas - juristas inclusivé) afiavam a língua (e as unhas, aposto) contra as declarações politicamente incorrectas do bastonário sobre a natureza pública do crime de violência doméstica, instando até as suas congéneres a não recorrerem aos serviços do causídico, já Marinho e Pinto se divertia a dar mais umas bastonadas nos juízes, no oportuníssimo momento mediático em que estes magistrados apareciam nos écrans a queixar-se de apanharem dos arguidos.
Mas como quem vai à guerra, dá e leva, não tardou para que o dr. Marinho apanhasse também; só que apanhou de si mesmo, como se, à força de tanto arrear, às tantas fosse o seu próprio bastão a atingi-lo em cheio na ética. É que, conforme confirmado pelo próprio, o dr. Marinho, tal como defendera durante a campanha para bastonário (verdade seja escrita), propõs ao Conselho da Ordem, que aprovou, que o bastonário passasse a ser remunerado e a ter direito a subsídio de reintegração.
Só por si, a notícia nada trás de novidade: o actual bastonário sempre defendeu a profissionalização do cargo que exerce. Curioso é que, sob a manchete que o noticía os seus autores não tenham logrado esconder os sorrisos escarninhos de alcoviteiras com que aparecem no caso. E lamentável é que, Marinho e Pinto, que não entrou na Ordem vindo duma SGPS da advocacia, querendo certamente eximir-se a um maior escrutínio da sua proposta - certamente utilíssima às oposições internas -, não tenha, ainda assim, consultado os conselhos distritais, dando assim o peito (a ética) a mais esse combate pela dignificação da advocacia, para acabar por emprestar ao(s) cavaleiro(s) da advocacia societária a cernelha - e passar por juiz em causa própria.

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