Segundo se tem noticiado, a Praça das Flores tem estado submetida a uma mega-operação publicitária da construtora automóvel SKODA. Confrontado com as queixas e preocupações de moradores e lojistas - aqueles criticando o aparato e o ruído, estes temendo os prejuízos que o condicionamento da circulação no local poderá acarretar -, Sá Fernandes, actual Vereador do Pelouro do Ambiente e Espaços Verdes da CML, vem manifestar surpresa pela incompreesão daqueles munícipes e declarar a sua absoluta satisfação com o evento. Afinal, segundo este, a iniciativa só trás benefícios: a construtora não só ficará responsável pelo encargo de finalizar a intervenção de reabilitação do jardim daquela praça, como deverá pagar ao munícipio, em taxas diversas, cerca de € 50.000. Em suma: Sá Fernandes, o nosso velho conhecido cavaleiro da moralidade urbanística e figura (independente) de cartaz do Bloco de Esquerda, recém convertido às belas artes do pragmatismo político, acaba de descobrir as virtualidades do capitalismo.
A assim ser, se o evento (privado) não condicionar a fruição pública daquele espaço - como afirma Sá Fernandes - e até garantir a sua recuperação sem que isso comporte qualquer encargo para uma das autarquias mais deficitárias do país, a transacção, admita-mo-lo, até que constituirá uma mais valia para a cidade. Todavia, não deixa de ser curioso testemunhar, mais uma vez, o poder de conversão do Poder e a facilidade com que o quotidiano político esbate e elide tibíos idealismos e vácuas proclamações.
A assim ser, se o evento (privado) não condicionar a fruição pública daquele espaço - como afirma Sá Fernandes - e até garantir a sua recuperação sem que isso comporte qualquer encargo para uma das autarquias mais deficitárias do país, a transacção, admita-mo-lo, até que constituirá uma mais valia para a cidade. Todavia, não deixa de ser curioso testemunhar, mais uma vez, o poder de conversão do Poder e a facilidade com que o quotidiano político esbate e elide tibíos idealismos e vácuas proclamações.
1 comentário:
"Não sei por que motivo é que as pessoas estão tão mal-informadas", diz ao Público o vereador Sá Fernandes, afirmando que "ninguém tem de fechar portas nem sequer a praça vai ser vedada, até porque só será cortado um pequeno troço da Rua Marcos Portugal". Mentira. A Praça das Flores vai estar fechada, sim, das 17.00 à 1.00, todos os dias em que decorrer o evento "internacional".
Ao DN, o mesmo senhor afirmou que "vamos deixar de ter uma praça imunda, para passar a ter uma praça totalmente requalificada". Imunda? Dos locais onde já morei (onde se incluem Santos e a Graça), a Praça das Flores é a zona que mais vezes vejo ser limpa. Nestes últimos três anos, nunca a vi, sequer, suja, quanto mais imunda. E sempre esteve em óptimas condições, facto que se traduz na visita de muitos lisboetas e turistas, que diariamente por ali passam . Não percebo como pode o senhor Sá Fernandes fazer semelhante afirmação. Das duas uma: ou é hipócrita, ou está muito mal informado.
"Tanto os moradores como Lisboa saem a ganhar com o evento que animará diariamente a Praça das Flores das 17h00 à 1h00", diz o vereador ao Público. Os moradores? Não sei se Sá Fernandes se apercebeu, mas o evento é privado. Ou seja, os moradores não vão poder, sequer, aceder à praça, durante o referido horário.
O que ganham, então? A requalificação de uma praça que não precisava de ser requalificada? Como é que os comerciantes vão ter mais movimento, tal como afirma também o vereador ao DN, se ninguém vai poder entrar na Praça das Flores a partir das 17.00, e se durante o resto do dia não se pode estacionar na mesma?
Pena que a maior parte das reportagens realizadas não expresse o sentimento geral que se vive entre os moradores, indignação já expressa num abaixo-assinado e num movimento de "resistência passiva".
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