quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O ano em que não

Depois dum longo interregno, talvez imbuído da atmosfera esperançosa da quadra, eis-me de volta à actividade bloguística.
E volto para dar conta a quem tenha a paciência de ler o que para aqui vou depositando de que esta ano é que é!
2010 vai ser o ano em que não veremos o Governo Sócrates a cair; vai ser o ano em que não veremos o valor real dos salários a aumentar; vai ser o ano em que não teremos os impostos a diminuir; vai ser o ano em não sentiremos os preços reduzir; e vai ser o ano em que não daremos um Cavaco para ter um Presidente Alegre na Presidência sempre rugir.
Ânimo portugueses, que este ano é que (não) é!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Presidente falou

Cavaco Silva falou ontem à comunicação social (ou ao país?). Com a sua natural solenidade e gravidade, manifestou a sua indignação com algumas figuras destacadas do "partido do Governo" que lhe haviam perturbado as férias algarvias, desafiando-o insolentemente a prenunciar-se sobre as actividades extra-assessoria dalguns dos seus assessores.
Sobre escutas e o afastamento de Fernando Lima disse que tudo não passou de uma tentativa de o "colar" ao PSD, pelo que, à cautela, resolveu colocar o seu assessor de imprensa de sempre no backoffice.
Ah, e informou também que se havia inteirado junto de diversas entidades da inviolabilidade do seu computador pessoal, tendo sido informado que nenhum sistema informático é absolutamente seguro...
E foi tudo.
Bem espremido, pouco ou nada se retira do que disse o Presidente da República. Fica pois a dúvida. A dúvida sobre se o Presidente alguma vez suspeitou de facto que algum dos serviços de informações sob tutela do Governo andava a escutar a Presidência ou a penetrar no seu sistema informático. A dúvida sobre se o seu principal assessor contactou ou não o director do Público para através deste denunciar que o Governo andava a espiar o Presidente, e se o fez por sua livre iniciativa ou a mando do Presidente.
Mas com estas dúvidas dorme o povo bem. O que lhe poderá perturbar o sono - porque lhe poderá perturbar a vida - é o instalado clima de guerrilha entre os dois principais órgãos de soberania do país. Ontem assumido pelo Presidente da República e retorquido pelo porta-voz do Governo - cessante e futuro.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Manuela Ferreira Leite II

No post anterior escrevi que nenhum dos déficites políticos da líder do PSD seriam suficientemente fortes para lhe garantirem a derrota nas legislativas. Ignorava eu (e a própria, certamente) o "factor Cavaco Silva". É que, a meu ver, foi de facto a péssima gestão política do "caso das escutas" feita pelo PR que contribuiu definitivamente para o mau resultado do PSD. Pois não seria de prever que, depois das suspeitas caídas sobre o Governo, muito sustentadas pelo silêncio da Presidência, o afastamento de Fernando Lima não seria interpretado pelo comum dos cidadãos como o reconhecimento pelo PR de tudo não ter passado de um boato? E, assim sendo, que era alguém da Presidência que andara a tentar tramar Sócrates?
Especulação, prognose póstuma ou não, aí está o resultado.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Manuel Ferreira Leite

Ignoro - felizmente - o que deverá a Dr.ª Manuela Ferreira Leite a António Preto e Helena Lopes da Costa. Mas o que deve - pois só alguém gravemente endividado se obstina na defesa de tão "corrosivos" apoiantes - ainda não será suficiente para lhe custar um mau resultado nas legislativas. Confuso? De maneira nenhuma.
É que são precisamente as fraquezas e fragilidades políticas da líder do PSD - o permanente ar de frete que põe nas suas intervenções públicas, a consfrangedora falta de jeito para o jogo político etc. - que lhe garantem o capital de credibilidade política (à semelhança de Cavaco Silva - lembram-se da cena da boca cheia de bolo-rei?) suficiente para ombrear com José Sócrates. Goste-se ou não.
Estou convencido que nem a notícia de que Manuela Ferreira Leite era afinal Manuel Ferreira Leite seria bastante para fazer os portugueses olharem com outros olhos para a líder do PSD. Não faltaria até quem, incapaz de admitir-se supreendido com a notícia, diria: " Eu sempre disse que era uma mulher com tomates!"

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ex-ministro estrela

Melhor que ser ministro é ser ex-ministro. E se se for um ex-ministro auto-martirizado, melhor ainda.
Manuel Pinho parece tê-lo descoberto agora, cerca de dois meses depois de ter espetado os dois dedos indicadores à frente da testa, em pleno hemiciclo da Assembleia da República. É que, segundo disse ao Notícias TV, agora até lhe pedem autógrafos.
Quem sabe se não é o início de uma grande carreira televisiva - por exemplo, na Tertúlia Cor-de-rosa das manhãs da SIC.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mudar Portugal

Portugal está a mudar. E não é para Espanha como preconizava um dos nossos mais iluminados candidatos a candidato à Presidência da República, Manuel João Vieira. Portugal está a mudar-se para Fortaleza ou Porto Galinhas, ao ritmo do forró brasileiro que, segundo se noticia, todos os fins-de-semana invade o areal das praias da Linha de Cascais.
A chatice, para quem não gosta de forró, é que Fortaleza e Porto Galinhas também parecem querer mudar-se para a Linha...

As escutas e o bidé

O último tiro da guerrilha institucional entre Belém e S. Bento, ao que parece, não passou de um bitate dum misterioso assessor de Cavaco Silva.
Na minha leitura, confrontado por um jornalista sobre a sua eventual participação na elaboração do programa de governo do PSD, o assessor reagiu como reage qualquer culpado: atacou, e atacou descabeladamente, como o infiel conjugal instado a pronunciar-se sobre a sua infidelidade: se era eu que estava com ela no quarto 212?! Não me diga que era voçê que estava debaixo da cama?!
A ser verdade que assessores do PR colaboraram na elaboração do programa do PSD, é grave; e é grave porque coloca o Presidente de todos os portugueses a patrocinar um programa partidário. Mas, no entanto, qual é a surpresa? O nosso Portugal político é um T0 e Lisboa é um bidé.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A moral da bandeira

Várias leituras poderemos fazer do episódio do furto da bandeira dos Paços do Concelho: 1. Há um bando de putos dispostos a mobilizar os exércitos de Darth Vader para restaurar a monarquia em Portugal. 2. A política do policiamento de proximidade está a ser interpretada pelas autoridades policiais como policiamento por invisibilidade. 3. A cidade está de tal forma transformada num estaleiro que já ninguém suspeita quando vê alguém a meio da noite pendurado num escadote no edifício dos Paços do Concelho. 4. Há um rei putativo disposto a coligar-se com uma personagem de ficção científica para se sentar no trono da Nação.
Moral da história: ou a República dá um puxão de orelhas a estes putos reguilas ou um dia destes vemos uma das novelas da noite da TVI subitamente interrompida pela ameaçadora figura de Darth Vader comunicando ao país o derrube da república.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Actualidades flaubertianas

Quando se muda de país, nem sempre o pudor vai atrás.
A frase, de Flaubert, já conta mais de cem anos, mas podia ter sido escrita hoje. Basta observarmos o trânsito dos nossos emigrantes pelas nossas zonas balneares para o verificarmos. Não faltarão Mercedes luxemburgueses, Audi suiços e monovolumes Volkswagen alemães estacionados nos passeios ou descontraidamente parados em segunda fila, enquanto as petites Giseles e os petites Nicolas lambem gelados na esplanada.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

As amigas do Brasil

Segundo o DN de hoje, as nossas irmãs das Terras de Veras Cruz são já as maiores impulsionadoras da subida da taxa de natalidade em Portugal (e, inversamente, segundo a associação de mulheres e esposas do distrito de Braga, as maiores promotoras de divórcios no país).
Enfim, a ser verdade - e, a avaliar pelo português açucarado que se ouve por toda a parte, não é de duvidar -, é tal o encantamento que as nossas irmãs de Vera Cruz tem suscitado por cá que, para além das irmãzinhas, Vera Cruz também mandou vir a prima Neidgi, Ivete, Mariela, Juliana, Fernanda, Eliéte; as sobrinhas Gisela Maria, Isabela, Bruna, Luana do Rosário e até uma amiga alta e espadaúda, chamada Rosângela, que adora tops de lantejolas e passeios nocturnos na Conde de Redondo - disse-me um taxista conhecido, para que conste.

Ronaldo está com a gripe

Ao que parece, Cristiano Ronaldo está com a gripe.
Era só esta que faltava o puto levar para a cama...

A lady e o Obélix

Pedro Tinto, desculpem, Pedro Pinto, o Obélix de sempre de Pedro Santana Lopes, veio hoje a terreiro tomar as dores do seu melhor amigo e empregador, depois da insólita entrevista concedida por Maria José Nogueira Pinto ao DN de ontem (não sei porquê, sempre que penso na antiga Provedora da Santa Casa da Misericórdia, aquele seu eterno ar senhorial, docemente aristocrático, inspira-me vassalagem e dou por mim a usar verbos como conceder...).
Certamente mais inspirado pela perspectiva de um regresso ao pelouro das obras de Lisboa do que ressabiado pela sua exclusão das listas do PSD para o soporífero Parlamento, Pedro Pinto veio apelidar lady Nogueira Pinto de páraquedista e camaleão político, por esta ter dito que apoiava António Costa para a Câmara de Lisboa e, concomitantemente, aceite integrar as listas do PSD.
Compreendo o papel de Pedro Pinto. Afinal, todo o Astérix tem o seu Obélix. Mas nunca se deve submestimar o killer instint de uma lady - ainda para mais , uma lady com o confortável estatuto de independente. Além do mais, deploro a falta de imaginação metafórica de Pedro Pinto. É que de coche, limusina ou jacto particular ainda imagino lady Nogueira Pinto a instalar-se no PSD, mas de pára-quedas, meu caro, de todo! Garça real ou leoa branca ainda vai, agora camaleão?!, com franqueza, que falta de classe, meu caro, jamais!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

É da loura que eles gostam mais

Joana Amaral Dias bem que podia pôr-se à janela a cantar a velha canção: todos me querem e eu não quero ninguém... Depois do idílio com o BE - a quem temos de agradecer o serviço prestado à extensa minoria dos heterosexuais apreciadores de louras portugueses -, veio a "facadinha" com Mário Soares e a zanga e o subsequente divórcio do BE. Livre e politicamente desimpedida, Joana Amaral Dias não precisou pestanejar duas vezes para o PS, por via (telefónica) do solícito e auto-presumido amigo pessoal (querias!) da visada, secretário de Estado Paulo Campos, palpar terreno, ou em terminologia mais politicamente correcta, "indagar" da disponibilidade da miúda gira da política nacional para um namoro sério, com direito a dote na forma de lugar garantido no Parlamento.
Vendo-se associada a uma nada confortável variação da mais velha profissão do mundo aplicada à política, Joana Amaral Dias veio expor a já ampla careca do secretário Campos e recolheu-se a um casto silêncio - talvez só quebrado para cantar: todos me querem e eu não quero ninguém...

Miss Bean

Manuela Ferreira Leite está capaz de se transformar na Miss Bean da política nacional. O estilo inspira muito menos gargalhadas do que o personagem original, mas na prática não lhe fica atrás.
Perceber a lógica que terá presidido à feitura das listas do PSD para as legislativas é tão desconcertante como observar Mr. Bean a preparar um refeição de Natal. De trapalhada em trapalhada, a refeição lá se apresenta, gorda de expectativas, mas no fim explode, mancha paredes, faz estremecer os alicerces da casa e a personagem acaba a sózinha, a rever a receita.
É que por muito politicamente inábil que seja a líder do PSD - e esta é-o confrangedoramente -, não se entende como se pretende congregar coerência e seriedade numa lista onde pontificam Maria José Nogueira Pinto e António Preto; nem se alcança como se quis renovar equipas quando se convoca à pré-reforma Couto dos Santos e Deus Pinheiro - figuras que nem se destacaram nos idos do cavaquismo pelo seu fulgurante desempenho parlamentar. É como misturar na mesa da ceia de Natal velhas porcelanas e copos descartáveis.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Vamos isaltinar com Louçã

Francisco Louçã defende que Isaltino Morais tem condições, "até à decisão de trânsito em julgado", para continuar na corrida para a Câmara de Oeiras. Segundo o cardeal da ética política, o papa da moralidade partidária, o reverendo da esquerda caviar nacional, o xamã das causas fracturantes cá do burgo, o que verdadeiramente o incomoda não é que haja candidatos a cargos públicos indiciados, acusados e condenados judicialmente por abuso de poder e fraude fiscal que possam manter-se nessa condição, unicamente sujeitos a uma voluntária auto-censura de consciência; o que perturba o professor Louçã é "que a Justiça seja tão lenta".
Ou seja: para o professor Louçã, é um escândalo que empresas com lucros despeçam trabalhadores com fundamento na crise; para o papa Louçã é uma heresia que empresas participadas pelo Estado obtenham lucros astronómicos explorando sectores estratégicos em monopólio; para o cardeal Louçã é um ultraje que o primeiro-ministro minta constantemente no Parlamento - e a gente (salvo seja!) concorda e vai lavando a alma com as verdades reveladas pela luz das suas palavras. Mas, de repente, cai do céu, quando percebe que, se no princípio do xamã Louçã era o Verbo, afinal, só se for o verbo isaltinar.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Uma aventura no mundo SIMPLIS

António Costa fez questão de comemorar, na passada 4ª feira, o 1º aniversário do programa municipal de simplificação administrativa - o SIMPLIS.
Enquanto decorriam os preparativos do evento no átrio do edifício municipal do Campo Grande, o representante duma empresa que acabara de celebrar um contrato com uma direcção municipal ali sediada, foi informado de que teria de se dirigir ao "balcão único" no piso 0, a fim de ali lhe passarem a guia de pagamento do imposto de selo. Depois de alguns minutos de espera, foi informado pelo funcionário do balcão que deveria dirigir-se com a guia à Tesouraria, ali ao lado, onde efectuaria o pagamento. Ali chegado, viu-se confrontado com o facto de ter de tirar uma senha e de esperar pela sua vez. Ao fim de cerca de 30 minutos de espera, ao apresentar a guia ao funcionário é por este informado que a guia estava... desactualizada, com data de 2008...e que teria de voltar ao "balcão único".
Ao fim de uma hora às voltas para pagar € 5 de imposto de selo sobre um contrato celebrado, nessa mesma manhã, com um serviço da CML, a história termina com uma reclamação escrita apresentada pelo representante da empresa em questão, lavrada ao som dos aplausos da assistência no átrio do edifício.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Os números de Ronaldo

Se o futebol move milhões (ou serão os milhões que movem o futebol?), Cristiano Ronaldo, só hoje, dia da sua apresentação em Santiago Barnabéu, fez mover dezenas de milhares de espanhóis (principalmente, espanholas).
Em tempos de crise, ver milhares de madrilenos, num início de semana, alegremente enfileirados em redor do estádio, há horas, para assistir à apresentação dum jovem de 24 anos com um raro talento para jogar à bola, faz-nos perguntar onde anda a crise, afinal. É que, há tempos, numa loja de desporto, vi camisolas CR7 a € 60 a unidade...E em Madrid parece que já há encomendas às centenas quando ainda nem se sabe que número vai ter a camisola do "puto maravilha".

domingo, 5 de julho de 2009

Dicionário de expressão política corporal

Hipóteses de interpretação do gesto do ex-ministro Manuel Pinho:
1 - Olha! O que tu tens é disto: dor...Mas quem lá foi dar o chequezinho fui eu, eu!
2 - E o diabo sou eu, não é?!
3 - Oh, pá, se fosse tua mulher já tos tinha posto!
4 - Olha, pá, voçês é que são de Marte, tás a ver, as antenas, voçês é que são uns extraterrestres neste país!
5 - Oh Bernardino!, olha práqui, deixa-me hipnotizar-te...

sábado, 27 de junho de 2009

Fórum Novas Celebridades

Depois do "animal feroz" e da "fera amansada", José Sócrates apresentou ao mundo a sua mais recente faceta: a de candidato a actor dramático.
Quem assistiu ao discurso do primeiro-ministro no Fórum Novas Fronteiras, rodeado de juventude num verdadeiro platô, terá de admitir que temos ali um actor shaekpeariano: o dominínio da expressividade física, o dramatismo do registo vocal, a estudada espontaneidade, não deixam margem para dúvidas.
Na permanente penúria em que vive o teatro clássico nacional, talvez se tenha ali apresentado um novo cabeça-de-cartaz para toda uma época no D. Maria II. A partir de Outubro, talvez...

Eleições

Contrafeito, Cavaco Silva lá teve de separar legislativas e autárquicas. Entalado entre o oportunismo partidário e a imparcialidade presidencial, o nosso PR optou por atender ao primeiro para salvar a segunda.
Não há-de ser nada: em finais de Setembro, com o stress do reinício das aulas, as depressões pós-férias e as contas bancárias a zeros, os portugueses estarão em perfeitas condições anímicas e cívicas para escolher o Governo que querem para os próximos quatro anos. E com a abnegação cívica que nos caracteriza, em Outubro lá estaremos todos outra vez, a enfiar o papelinho na urna (designação que não poderia ser mais adequada), para eleger mais umas quantas dezenas de autarcas.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ganharam todos

No campeonato da europeias afinal ganharam todos - menos Sócrates.
A meu ver, o primeiro-ministro perdeu duplamente: perdeu porque era inevitável que este primeiro acto eleitoral servisse para punir o Governo; e perdeu porque não teve a humildade necessária para admitir essa possibilidade.
Mas talvez não venha a perder muito mais do que perdeu. Ou muito me engano ou nas autárquicas o castigo tenderá a ser mais brando. E uma vez chegados às legislativas, na hora de escolher entre Sócrates e Ferreira Leite, o povo limitar-se-á a encurtar a rédea ao primeiro e a a apontar a reforma à segunda - que seguramente agradecerá o gesto.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

(Falsa) bomba procura enredo

Esta manhã, alguém abandonou um saco suspeito no Atendimento das instalações do Banco de Portugal da Av. Almirante Reis. À cautela, o edifício foi evacuado ao início da tarde pela PSP.
Os apreciadores (como eu) dos enredos policiais, talvez não resistam a ler o episódio como um acto desesperado de um qualquer investidor do BPN ou BPP contra a entidade (pseudo)reguladora do sistema financeiro português. No entanto, quem conhecer a localização das instatalações do BP em questão, talvez possa ali ver (ou delirar) outra história. É que a cinquenta metros do edifício em questão fica o Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O juiz literário

Ao que parece, o juiz que decidiu devolver a menina russa à sua mãe biológica, retirando-a à família portuguesa de acolhimento, está arrependido. Arrependido não pela manifesta iniquidade da sentença que produziu, e que possibilitou a entrega de uma criança anteriormente considerada em perigo a uma mãe incapaz, mas porque, se fosse hoje, se tivesse hoje que decidir entre manter uma criança com uma família de acolhimento e entregá-la a uma mãe emocional e economicamente destituída de condições para a manter, não teria cometido "alguns excessos de linguagem" na redacção da sentença, como sejam utilizar expressões como "mãe serôdia".
Em consciência, ninguém questionará a imperativa vinculação do juiz à lei; por muito que doa a muitas famílias de acolhimento, o seu papel é, necessariamente, transitório, pelo que, não será sustentável, à luz das normas em vigor, presumir-se que tal estatuto poderá, com o tempo, converter-se em privilégio de adopção. No entanto, longe vão os tempos (ou assim desejamos) em que se exigia ao juiz que se limitasse a aplicar a lei, passiva e cegamente. Num Estado de Direito democrático, antes se pretende que este seja um intérprete sabedor da lei aplicável ao caso concreto, a quem se exige que atendenda a todos os factos e circunstâncias juridicamente atendíveis para a justa decisão da causa.
Ao que parece porém, o juiz deste caso, um esteta da linguagem, anda equivocado. A sua vocação não é o Direito, mas talvez a literatura.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A pia Catalina

Se fosse ministra, Catalina Pestana acabava com a Casa Pia. É a própria ex-directora e provedora da instituição quem o afirma, em entrevista ao Correio da Manhã.
Segundo esta ex-responsável da instituição, "Os abusos continuam numa instituição com 200 anos, com uma história de abusos que tem 200 anos".
Das duas, uma: ou Catalina Pestana andou de pestana fechada durante ao anos em que foi directora dum colégio da Casa Pia - que, a atender ao tremendismo das suas palavras talvez devesse designar-se Casa dos Horrores -, ou então anda à procura de alguma coisa de que porventura se convenceu ter perdido.
Seja como fôr, não deixa de ser espantoso o alheamento (voluntário ou involuntário, negligente ou doloso) que parece caracterizar muitas das personagens que de uma forma ou outra tiveram cargos de responsabilidade naquela instituição bicentenária. É que se é hoje um facto vergonhosamente indesmentível que a Casa Pia foi uma casa de xius, não é menos vergonhoso e indesmentível que foi também uma casa de pios.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A (falta de) resposta de Espinho

Maria de Lurdes Rodrigues acha que "não houve resposta pronta" para o caso "execepcional", de "grande desiquilibrio" da stôra de Espinho.
Temos de admitir que tem razão.
Com efeito, a conhecermos como conhecemos, dum passado recente, a capacidade de resposta de boa parte dos nossos adolescentes ao desempenho dos professores na sala de aula (e fora dela), é de facto espantoso como é que aquela "professora" (com aspas duplas, ou triplas) não mereceu uma reacção mais participativa por parte daquela tão extraordinariamente passiva turma. É que, afinal, não é todos os dias - presumo eu - que os nossos jovens ouvem uma professora sua dissertar sobre "linguados" ou cuequinhas molhadas pela manhã; principalmente quando era suposto que, em matéria de educação sexual, as competências da "professora" em questão só lhe permitissem discorrer sobre os trágicos amores de El-Rei D. Pedro e Dona Inês de Castro.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os bairros deste país

Há tempos, confrontado com outro episódio da vida num bairro social, o ministro Rui Pereira viu-se obrigado a garantir que não existem bairros neste país onde a polícia não entre. Face aos acontecimentos destes últimos dias (e noites) no Bairro da Boa Vista, em Setúbal, ou muito me engano ou não tardará a vermos e ouvirmos o mesmo ministro a garantir que também não existem bairros neste país onde os bombeiros não queiram entrar...

Ainda os cartazes

O marketing político luso anda manifestamente fraco de imaginação. A líder do PSD anda espalhada pela cidade ora emoldurada a negro ora a convidar os desvalidos e amargurados deste país a ligarem para uma espécie de linha de apoio psicológico. O PS, certamente convencido pelo hobbie fotográfico do seu cabeça de lista às europeias, oferece-nos um mega-postal de Vital Moreira (esse mesmo, o avô cantigas) assinado e tudo. E o CDS/PP pespaga-nos o infante Nuno Melo, em pose desafiante, quase tauromáquica, a afiançar-nos que não andam a brincar aos políticos. Valha-nos o BE que, sabendo que a política nacional é essencialmente uma brincadeira, lá vai gozando o pratinho, e, à cautela, antes de exibir a careca de Miguel Portas e o sorriso eclesiástico de Louçã, teve, pelo menos, a piada de nos lembrar o abraço de Barroso e Sócrates no dia do porreiro, pá!

domingo, 10 de maio de 2009

Viva o Fêcêpê

E viva o Fêcêpê!
O empenho sempre propicia a glória. Palavra de sportinguista.
Por mim, só lamento este resultado por Paulo Bento - que demonstrou a sua capacidade de liderança -, e por alguns (poucos) jogadores, que entre bailarinos e manequins intermitentes, lá foram honrando a camisola, conseguindo um justo 2º lugar.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Política de berçário

Depois da baixa política e da sua correlativa política de sarjeta temos agora a política de berçário.
Confrontado com a política do corpo morto do PCP e do BE, no que respeita a uma coligação de esquerda, e acossado pela política do deixa-o tropeçar de Santana Lopes, António Costa já percebeu que os votos tem de ser ganhos em todos os terrenos, inclusivé na maternidade. Assim, não resistiu a colar-se à iniciativa da associação de comerciantes da Baixa (terá sido mesmo deles?) de oferecer ao primeiro bébe do 1º de Maio deste ano um cheque de €2500 em compras, e, enquanto o seu camarada Vital Moreira era "acarinhado" pelos manifestantes no Martim Moniz, ele exibia o seu sorriso na Maternidade Alfredo da Costa, depois de ter invadido o quarto de uma pós-parturiente visivelmente debilitada. It´s politics stupid!

Ferreira Leite: the lady on black

É confrangedora a absoluta falta de vocação política de Manuela Ferreira Leite. Como se não chegassem já as sucessivas gaffes com que vai premiando o país político, a líder do PSD aceitou agora figurar num dos mais inacreditáveis outdoors de propaganda política até hoje produzidos pelos "vendedores de presidentes da república" nacionais. Com um sorriso relutante, quase amarelo, a (pseudo) líder da oposição é apresentada ao centro de um enorme, inenarrável rectângulo negro bordejado a laranja. A negatividade da imagética transmitida é tal que nem fixei a frase que certamente ilustra o cartaz. Pior que isto, só colocarem a Drª Ferreira Leite, noutro cartaz, a promover uma qualquer linha telefónica de apoio aos descontentes deste país...o que já fizeram!

sábado, 2 de maio de 2009

Sorriso Vital

Oficialmente, a campanha eleitoral para o parlamento europeu ainda não começou, mas há pelo menos um candidato que já desejará que ela tivesse acabado. Refiro-me obviamente a Vital Moreira.
Depois da sua participação desastrosa no Prós-e-Contras de Fátima Campos Ferreira, em que me fez lembrar um aluno insolente de quadro-de-honra, ontem deixou-se levar pelo PS à manif do 1º de Maio e quase lhe deram umas palmadas.
Não fosse o permanente sorrisinho acintoso de Vital e talvez o episódio me tivesse indignado mais do que de facto indignou. É que pode-se dizer que não houve insulto nem empurrão que roubasse o sorrisinho auto-convencido nem amachocasse a melena do candidato.

domingo, 5 de abril de 2009

O país dos generais

Tem sido noticiado nos últimos dias, que o Chefe do Estado-Maior do Exército vai propor ao Ministro da Defesa a promoção do coronel Jaime Neves, um dos "contra-revolucionários" do 25 de Novembro de 75, a major-general. Diga-se de passagem que Jaime Neves, que entrou para a nossa história recente por ter impedido com um Regimento de Comandos que Portugal passasse a ser mais uma das repúblicas socialistas soviéticas, reformou-se com o posto de coronel, na década de 80, para se dedicar ao sector da segurança privada.
Contactado, o ministério diz estarem em curso alguns processos de promoção...pelo que nunca se sabe.
Ou muito me engano ou, talvez logo a seguir ao Brasil de Getúlio Vargas e à Venezuela de Chávez, devemos ser, muito em breve, o país com o maior número de oficiais generais por m2. É que, ao que dizem - e não desmentem no ministério da Defesa -, não será só Jaime Neves que estará à espera das estrelinhas, talves Otelo e Vasco Lourenço ascendam em breve ao generalato (no caso de Otelo, dada a sua propensão cénica, melhor se diria ao estrelato).

terça-feira, 31 de março de 2009

O caso da bandeira

No passado dia 10 de Fevereiro, a Assembleia Legislativa Regional da Madeira resolveu (Resolução nº6/M/2009, publicada no DR nº 62, I Série, de 30/03) denunciar junto do Ministério Público a situação de desobediência qualificada em que incorrem os órgãos de Governo da República naquela região insular, ao não hastearem a bandeira regional nas suas instalações.
De acordo o texto da resolução, as insígnias regionais constituem "um traço marcante da sua (da Madeira) identificação e distinção, (mais!) um valor de referência de toda a colectividade."
Ao ler esta última frase, ocorreu-me: eis um belo epitáfio para o Dr. Alberto João Jardim...

segunda-feira, 23 de março de 2009

In dubio pro penalti

Lucílio Baptista errou e parece que já veio assumi-lo em directo na SIC. Segundo se escreve por aí, Baptista não teve a certeza de que era pénalti, aconselhou-se com o fiscal de linha, que, ao que parece, também não tinha a certeza, e aplicou a grande penalidade.
Já todos sabiamos que no futebol português não impera o direito; agora, ficámos a saber que, para um árbitro de futebol, em caso de dúvida, condena-se. Resta-nos a esperança (a nós, os crédulos) que a Comissão de Arbitragem, em face da dúvida sobre a capacidade técnica revelada por Lucílio Baptista, aplique as regras do futebol nacional...e lhe atribua a pontuação máxima!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

País suave

Ao consultarmos o Diário da República de hoje ficamos a saber que a Assembleia da República (Resoluções nº 3/2009 e nº 4/2009) recomenda ao Governo a criação de um plano nacional de promoção da bicicleta e outros modos de transporte suaves.
O que nos vale é que, como a crise fica longe, não temos bancos falidos nem nacionalizados, a taxa de desemprego anda próxima do zero, um nível educacional superior a qualquer país europeu e um Governo que ficará para a história por nos ter colocado no pelotão da frente da Europa, os nossos deputados podem dar-se ao luxo de inventar propostas para se entreterem.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jornalismo de sensação

Não há limites para o sensacionalismo jornalístico. "Cândida Almeida admite chamar Sócrates", titula o site PortugalDiário. Incauto, o leitor sedento de indignações, logo procura a suspeita, o indício inculpante do ditador Sócrates. No entanto, nada mais encontra que o óbvio: "Se não houver suspeitas, não se interroga. Se houver suspeitas, obviamente, podemos ouvi-lo porque todos os cidadãos são iguais perante a lei", escreve-se no mesmo site, citando declarações da responsável do DCIAP.
Valha-nos a seriedade e a elevação com que a procuradora-geral adjunta Cândida Almeida nos vai habituando no desempenho das suas funções. Dignidade, coragem, lucidez e competência, eis algumas das características que traçam um perfil de magistratura. E dispensam equipas especiais, frases bombásticas e excessos de protagonismo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Os outros mundos

Segundo José Saramago, Barack Obama veio nos " dizer que outro mundo é possível."
Não faço idéia se o outro mundo do nosso nobel da literatura é o outro mundo do presidente Obama. Mas suspeito que no outro mundo do 44º presidente norte-americano continuar-se-á a preservar a "relação especial" dos EUA com Israel (conforme escreve o próprio Saramago num seu post de 31/12/2008, intitulado "Israel) ; mas duvido que nesse outro mundo de Obama se considere Chávez populista porque este se preocupa com os pobres - como no outro mundo de Saramago.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O "Diligente"

Uma boa notícia, para variar.
Acaba de ser construído, em Portugal, no Arsenal do Alfeite, um dos mais seguros navios salva-vidas do mundo. Um verdadeiro F16 dos mares, segundo alguns oficiais da marinha portuguesa. Com condições para transportar, com total segurança, 12 náufragos e capacidade para 200 litros de água potável, a grande inovação do "Diligente", para além de todo o equipamento de comunicação de ponta (GPS, câmaras de video etc.), é vir equipado com um sistema de navegação que lhe permite fazer a rotação sobre si próprio, em caso de se virar no mar.
O navio está já ancorado em Sagres e vai servir o trabalho de fiscalização da Polícia Marítima na costa algarvia.

A moção sado-maso

Um pacote de tralha socialista embrulhado em ambição. Eis o que o secretário-geral do PS José Sócrates ofereceu ao seu partido, este fim-de-semana. Regionalização, para clientela autárquica não esmorecer; reconhecimento civil das uniões homossexuais, para lobby gay agradecer; escolaridade obrigatória até ao 12º ano, para ministra da Educação contradizer. E maioria absoluta, claro, para ver se o povo quer continuar a sofrer.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Agarrem-me senão eu ardo!

Dizem os entendidos que a madeira de pinho é das mais inflamáveis - um facto que o ministro Pinho parece desconhecer.
Segundo o ministro da Economia, se o preço da gasolina não acompanhar o preço do petróleo, "temos de resolver essa situação, porque o consumidor não pode ser prejudicado".
A avaliar pelas "ameaças" - nunca concretizadas - de moralização do sector já anteriormente feitas pelo ministro sobre a matéria, Manuel Pinho corre o sério risco de ver a sua credibilidade política arder com a mesma facilidade que a madeira de pinho.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Os abanões do Cardeal

Sempre tive alguma dificuldade em compreender porque se entende em Portugal que só uma boa atuarda desperta consciências e suscita o debate. É como aceitar que só "uns abanões a tempo" conseguem chamar à razão os desatentos (leia-se, irreverentes). Refiro-me, obviamente, às nada ecuménicas declarações do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, a propósito da religião muçulmana. Segundo D. José Policarpo, as jovens portuguesas devem pensar "duas vezes antes de casar com um muçulmano", pois "é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam."
Não obstante admitir que o diálogo com a comunidade islâmica portuguesa é "muito difícil", o Patriarca de Lisboa não se conteve na expressão daquele que será certamente o seu sentir sobre o islamismo, mesmo sabendo que, como representante máximo dos católicos em Portugal, todas os seus desabafos tenderão a ser, compreensivelmente, tomados como a opinião do país católico que somos - o que é de lamentar.
Porquanto, e sob pena de compactuar com a imputação ao islamismo do odioso exclusivo do radicalismo religioso, só posso concluir que D. José Policarpo prestou um mau serviço aos católicos - mesmo quando (e porque) tentou atenuar o impacto das suas próprias declarações, ao considerar que (recorde-se, pese embora difíceis) as relações com a comunidade islâmica em Portugal são "habitualmente boas e simpáticas"; ofendeu injustificadamente uma comunidade religiosa que tem pautado a sua presença em Portugal pela discrição e pacífica integração; e descridibilizou (ou entrincheirou?) as suas próprias opiniões e, mais grave, a Igreja Católica, ao tentar a defender-se do impacto (e de si próprio) previsivelmente negativo das suas declarações com a ignorância religiosa dos portugueses.
Valha-nos a certeza de que também dos patriarcas é o reino dos céus.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A miopia de Silva Pereira

Em entrevista ao Diário Económico, o ministro Silva Pereira acusou a líder do PSD de ser "o rosto da recessão". É evidente que os anos (e os défices) já vão marcando o rosto de Manuela Ferreira Leite. Mas daí a ver na cara da senhora a recessão - quando esta até sorri pouco -, parece-me não só deselegante como sintoma de preocupante miopia. É que o nosso primeiro Sócrates, que até arreganha bastante a tacha (e as taxas!) e tem menos rugas e défices que a líder do PSD, tem passado a legislatura a vender-nos gato por lebre e ninguém ainda o acusou de ser o rosto do Allgarve ou o nosso Caimão!

A falha técnica

Esta madrugada, o Casino Lisboa fez dois milionários...por alguns minutos. Segundo noticia a Lusa, dois apostadores das máquinas automáticas viram sair-lhes um jackpot no valor de mais de quatro milhões de euros. No entanto, de acordo com a Estoril-Sol, tal deveu-se a uma "falha técnica", pois as máquinas em questão não estão programadas - nem licenciadas - para dar prémios daquele valor. Resultado: os dois quase milionários, não obstante terem reclamado, terão que se contentar com um prémio de pouco mais de vinte euros.
A história faz lembrar os Governos deste país. Há décadas que prometem milhões mas, por sucessivas "falhas técnicas", acabam sempre por nos pôr a contar tostões.

O cão de Obama

Barack Obama, quem sabe para retribuir o enlevado apoio da classe política portuguesa, escolheu para mascote presidencial um cão de água português - e os orgãos noticiosos nacionais rejubilaram. O que não deixa de ser curioso, quando boa parte do país político demonstra à saciedade sonhar com um Obama em Belém...e um jornalismo à americana.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Crónica transida

A Europa gelou. Há anos que não tinhamos que arregaçar as mangas dos sobretudos para quebrar a camada de gelo matinal que tem coberto os nossos popós. Multiplicam-se as recomendações oficiais: Agasalhe-se. Evite andar na rua à noite. Tome a vacina da gripe. As câmaras das grandes cidades implementam programas de ajuda aos sem-abrigo; solicita-se o prolongamento do período de abertura das estações de metro; aumenta o consumo de café e chá; e nem a crise detém o negócio dos caloríferos. Os homens de Estado exibem sobretudos de caxemira e reúnem-se em gabinetes sobreaquecidos para discutir a situação na Palestina e o esfriamento da economia. Não há nariz que não pingue; não há boca que não tussa. As Urgências (en) gripam-se; as farmácias prosperam. A vida contínua, Governo para a rua!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Mário Nogueira e a generosidade canina

O líder da Fenprof, Mário Nogueira, exortou ontem os professores a não terem medo, ou, caso o tenham ou venham a ter, a comprarem um cão. Segundo este sindicalista, não haverá lugar a qualquer sanção disciplinar aos professores que não suspendam o processo de avaliação, pois tal ameaça não passará de um delírio do Secretário de Estado Jorge Pedreira.
Ora, se é um facto da vida que o cão é o melhor amigo do homem, o mesmo não se tem podido dizer de Mário Nogueira, em relação aos professores. Pois considerando o destacado papel que aquele ex-docente e sindicalista profissional tem assumido nos últimos tempos no processo de descredibilização da classe, o cão será certamente mais últil aos professores como meio para o manter à distância de todo e qualquer assunto que diga respeito a uma classe docente decente.

Correcção: ainda a Palestina

Afinal, Barack Obama está preocupado com a situação na Palestina, tendo manifestado "viva inquietação" com as dezenas de mortes civis verificadas nos últimos dias. Mas só vai falar depois da tomada de posse.
Enquanto isso, Israel, depois de ter bombardeado uma escola da ONU, aceitou suspender os ataques por...três horas. Só para deixar entrar a ajuda humanitária.
O mundo agradece a magnanimidade de Olmert e deseja que os voluntários das ONG´s estejam preparados para trabalhar em passo de corrida.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Onde está Obama?

Com a situação na Palestina, mais uma vez, a ferro e fogo, Barack Obama parece ter-se remetido ao silêncio, depois dumas férias no Havai. Um indício de que vamos ter, em matéria de política externa, mais do mesmo? Muito provavelmente. It´s real politik, stupid!

Horário de polícia

A propósito do assalto à sede da Associação de Futebol de Coimbra (AFC), segundo li ontem no DN, para o presidente da associação sindical da polícia (ASPP) Paulo Rodrigues, há diligências de recolha de prova que se fazem melhor à luz do dia. Pelo que até será compreensível que, de acordo com o Comando Distrital de Coimbra da PSP, as equipas de recolha de prova daquele força policial só funcionem em horário de expediente - entre as 9h e as 13h e as 14h e as 18h.
Portanto, caros larápios deste país em geral e de Coimbra em particular: se procurais a chave do sucesso na vossa área de actividade, basta que assaltais somente entre as 18h e as 9h e entre as 13h e as 14h. Sejai solidários e respeitai o horário de trabalho dos agentes da PSP. Ou então mudai-vos para a Noruega ou a Islândia, onde é noite boa parte do ano - e não há cabecinhas pensadoras como o senhor agente-sindicalista (ou sindicalista-agente) Paulo Rodrigues.