Pilar del Rio, esposa e musa do nosso nobelizado José Saramago, entende que a União Ibérica resolveria muitos problemas de Portugal.
A ideia não é nova (e até já foi tentada na era Felipina) - aliás o próprio Saramago, eternamente ressentido, já a havia alvitrado anteriormente, não resistindo a picar o orgulho nacional -; só não se percebe é que problemas nacionais essa integração resolveria - o défice público? Talvez: nossos hermanos até gozam de superavit. O desemprego? Certamente que Zapatero não se importaria de ver a reduzida taxa de desemprego espanhola aumentar em 7/8% A escolha do seleccionador nacional? Bom, se em casa de Figo se fala espanhol e até o Ronaldo já habla portunhol (ou nereidês?), que prurido nos causaria ter, por exemplo, Camacho na Selecção?
Mas ironias à parte: que por detrás da (falsa) proposta de reflexão de Saramago sobre o tema há um certo revanchismo latente, não me parece haver dúvidas - o escritor, talvez por hipertrofia do ego (como disse um dia Lobo Antunes), mais do que não perdoar a Cavaco a falta de solidariedade institucional, parece nunca ter perdoado ao país o silêncio iletrado perante a desconsideração de um secretário de Estado de que ninguém guarda memória. Já no que respeita à sua conchita, talvez valesse a pena perguntar-lhe se, por exemplo, também preconiza como proposta de resolução para os problemas de Timor, a sua integração na Indonésia, ou será que, sendo Timor Lorosae um símbolo do activismo politicamente correcto (e da má-consciência internacional), opinião similar não cairia bem nos palcos (ou fóruns como agora se usa dizer) internacionais frequentados pelo casal de Lanzarote? Fica a questão.
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