O presidente da República Federativa do Brasil, Lula da Silva, esteve em Portugal, na passada semana, para participar na cerimónia de entrega do Prémio Camões de 2007, a António Lobo Antunes. De seguida, aproveitou para oferecer a Sócrates a oportunidade de anunciar a instalação de duas fábricas de componentes aeronaúticos da brasileira EMBRAER no Alentejo.
Mas desengane-se quem pense que Lula veio só para dar. No sábado, ficou-se a saber que, conforme revelou Lobo Antunes, o prémio Camões "roda", pelo que o galardão de 2008 vai para o brasileiro Ubaldo Ribeiro.
Mais: para convencer a EMBRAER a vir produzir para o "deserto", o Governo Sócrates garantiu um pacote de incentivos fiscais no valor de 30% do investimento do gigante empresarial brasileiro.
´Çê é um ingrato, cara!, acusar-me-ão os nossos irmãos do outro lado do Atlântico (e muitos dos de cá também). Mas longe de mim tal intenção!
Nada vejo de criticável na participação do presidente Lula na cerimónia do Prémio Camões 2007. Tirando as vacuidades discursivas do nosso presidente Cavaco (elogiar "a originalidade e a invenção" da escrita de Lobo Antunes é tão exacto (e redondo) como perorar sobre as múltiplas tonalidades de azul celeste), do que vi na televisão, pareceu-me uma cerimónia bastante digna e amistosa. E nada tenho a opôr, antes pelo contrário, à captação de investimento brasileiro ou de qualquer outro país, para o Alentejo. Agora, não estafemos mais o discurso do país irmão, dos laços históricos, das afinidades genealógicas. Lula está a fazer, e bem, o que se exige de um governante competente, que disponha das potencialidades do Brasil. It´s realpolitik, stupid! - com açúcar.
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