O comandante da Zona Marítima do Sul, Reis Ágoas, tem sido notícia, nos últimos dias, pela preocupação por si manifestada de viva voz à TSF sobre a perniciosa (o adjectivo é da minha inteira responsabilidade) proliferação duma nova actividade balnear - a massagem de praia. Segundo o aquele oficial da Armada, "toda a gente sabe como começa uma massagem, mas ninguém sabe como acaba", pelo que a autoridade marítima que comanda vai estar atenta, para que essas actividades não se tornem "práticas irresponsáveis".
Lidas distraidamente as declarações do visado - por exemplo, na praia, com o jornal a camuflar as manobras de reconhecimento visual do areal onde nos encontramos - e diriamos que o homem é um bota-de-elástico, um moralista de galões e pingalim tão conservador tão conservador que até o apelido (Ágoas) faz questão de manter na grafia antiga.
Mas não, o comandante Ágoas não é um espiríto empoeirado. É, isso sim, um funcionário zeloso da saúde pública. E nada tem contra os profissionais (ou amadores) da massagem de praia (ou das outras, presumo). A sua preocupação, reconhecidamente "suplementar", com a actividade tem exclusivamente que ver com os produtos utilizados nas massagens e a credenciação de quem as pratica! Ou seja: para o comandante Ágoas, o problema de ninguém saber como acaba uma massagem de praia radica não na massagem propriamente dita, mas na qualificação técnica de quem a efectua e na qualidade dos produtos nela (ou nele) usados. Entendidos? Logo vi que não.
Desconhece-se as experiências massagísticas já vividas (ou sofridas!) pelo visado. Assim como se ignora as aptidões manuais da(s) (ou dos...) massagistas frequentada(s), e muito menos a natureza dos produtos utilizados. Mas pelo menos uma, de duas, nos permitimos extrair (metaforicamente falando) das declarações do comandante Ágoas: ou a experiência massagística alguma vez tida pelo visado foi de tal forma traumática que lhe causou uma "alergia" crónica à actividade, ou foi tão relaxante que o comandante, como muitas vezes acontece (segundo dizem), adormeceu na marquesa (ou no areal!), nunca tendo sabido como a massagem acabou...