Como já vai sendo hábito, por força do velho diferendo APEL/UEP, a Feira do Livro deste ano parece estar em risco de não se realizar. Pelo menos, assim informa a CML, que já avisou que poderá retirar o apoio financeiro à organização, se as associações não se entenderem. Bluff ou não, compreende-se o aviso do executivo alfacinha. É que, se já vamos estando habituados às guerrinhas de poder entre a provecta APEL e os jovens turcos da UEP, este ano, com a entrada na contenda do grupo Leya de Pais do Amaral, a disputa subiu (desceu!) de tom. Basta ler os comunicados da CML e da APEL para se perceber que, até no mundo dos livros, a palavra dita vale pouco - ao invés da palavra impressa, que, ao que parece, vale cada vez mais.
Como leitor inveterado, consumidor compulsivo de livros e frequentador militante da Feira do Livro, só posso deplorar que a organização de um dos maiores acontecimentos culturais do país esteja cativa, não duma saudável - e desejável - divergência conceptual de índole estética, mas duma guerrilha pacóvia (pelo lado da APEL) e mercantilístico-oportunística (pelo lado do Grupo Leya/UEP - por esta ordem de importância).
Pois se é evidente que a APEL tem amesquinhado o seu património organizativo ao barricar-se obtusamente na sua posição de império ameaçado, é manifesta (e preocupante) a parceria estratégica da UEP com o grupo monopolista Leya.
Esperemos que, a UEP, perceba, a tempo, que, se a sua aliança com o grupo Leya pode rebustecer a sua fraqueza representativa, também pode tomar o seu espaço de representatividade de assalto, como tem feito com o panorama editorial nacional. Como leitor, desejo apenas que, no fim de contas (porque é de contas que se trata), os interesses do livro e dos leitores prevaleçam.
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