Segundo noticia o PortugalDiário (citando um estudo do MAI), a violência doméstica aumenta ao fim-de-semana: 33, 8% das agressões conjugais acontecem ao sábado e ao domingo.
A leitura parece-me óbvia. Sendo, regra geral, o sábado e o domingo os únicos dias da semana em que os cônjuges têm inevitavelmente que se aturar um ao outro, é compreensível que seja neste período que estes mais demonstrem o seu amor mútuo. Além disso, o domingo é dia de jogos da 1ª Liga, logo, dia de emoções fortes - e de frustrações - pelo que é de inferir que, há uns anos para cá, a grande percentagem de casos de violência conjugal registados deverão acontecer a sul, na zona da grande Lisboa, com maior incidência na zona da 2ª Circular... E quem melhor posicionado para serenar fúrias futebolísticas (ou outras) do que aquela que acabou de se nos atravessar à frente do televisor no momento do golo? Ou do que aquele que, colado ao écran, nos ignorou quando chegámos carregadas de sacos do supermercado?
E para que não subsistam quaisquer dúvidas do quanto é difícil a convivência pacífica entre os nossos casados, o estudo revela ainda que, o período do dia em que se registam mais casos, é entre as 19h e a 1h da manhã - o que nada tem de misterioso, pois não é este o período que compreende a realização (contrariada) das tarefas domésticas e dos deveres (custosamente) conjugais?
O dado curioso revelado pelo estudo é que, o dia da semana em que menos violência se regista, é a 4ª feira. Aparentemente não há uma explicação imediata para o facto. Pode ser porque, estando a meio da semana, o cansaço, os kilómetros de trânsito percorridos, as refeições perdidas ou mal digeridas, os sapos engolidos no emprego ainda não sejam combustível suficiente para uma explosão doméstica. Ou talvez seja por ser véspera de dia de Quadratura do Círculo, e os casais portugueses, ansiosos de ouvirem a élite dos nossos comentadeiros políticos opinarem sobre o país político (e não político), se reservem energias para o esforço intelectual que o programa exige.
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