A luta pela liderança no PSD está ao rubro. Acusando pela primeira vez nesta campanha o peso do sentido de Estado e vendo o seu pecúlio de credibilidade política desbaratado na refrega partidária, Manuela Ferreira Leite decidiu falar - um exercício para o qual nunca esteve particularmente vocacionada - e dizer o que não queria mas pensava: Jamais votaria em Santana Lopes.
Indignado, Santana cavalga a desconsideração da "Dama de Ferro" nacional, convertendo uma afronta pessoal num ilícito estatutário.
Que as eleições para a liderança do PSD estão a ser, mais do que a confrontação de facções, um ajuste de contas passadas interfamilías, parece não haver dúvidas; agora, resta saber se o PSD, enquanto instituição político-partidária, sairá ileso da disputa.
Em todo o caso, de uma coisa não tenho dúvidas: apesar da sua inquestionável seriedade, da sua irrepreensível credibilidade ética e do seu provado sentido de Estado, Manuela Ferreira Leite não é definitivamente capaz de mobilizar vontades, galvanizar ânimos e transmitir um projecto de mudança ao país. Já Santana Lopes, é o homem a quem nunca compraríamos um carro usado, mas a quem encarregariamos decididamente de vender o nosso. Inegávelmente combativo, óptimo tribuno, galvanizador, Santana sabe que estas eleições são a sua derradeira oportunidade de apagar um passado político errático e demonstrar que, o carro é velho, tem umas centenas de milhares de quilómetros, mas, com ele ao volante (e nós a empurrar) ainda havemos de ir a Roma ver o Papa e dar um abraço a Berlusconi.