Depois das histórias das praxes e dos discursos-placebo e dos programas Escola Segura, o país parece afinal ter despertado para o fenónemo da violência escolar. Há mais de vinte anos que se insultam professores nas salas de aula, que os alunos se agridem e violentam e roubam uns aos outros, que se consome e trafica estupefacientes dentro das escolas (inclusivé nas salas de aula), que os pais deseducam e ignoram ou simplesmente não querem saber o que os filhos fazem ou deixam de fazer na escola ou fora dela - afirmo-o com o conhecimento que só a experiência cauciona, a experiência de quem, com 11/13 anos, temia o recreio e as faltas dos professores como se teme o pátio da cadeia no 1º dia de reclusão; a experiência de ter sido assaltado dentro e nas imediações da escola - e em frente à residência particular dum nosso ex-Presidente da República!; a experiência de ver um colega transferido para outro estabelecimento de ensino, a meio do ano, porque se temia a vingança da família de outro aluno de quem se defendera; a experiência de ter colegas que saíam da sala, a meio da aula, pela janela, perante a temerosa indiferença do professor - isto no final da década em que nos começámos a sonhar europeus!. Mas, 20 anos volvidos, foi preciso passar-se, em horário nobre, um vídeo "escolar" posto no YouTube, para indignar as consciências e animar o mercado político-mediático.
E a avaliar pelas notícias mais recentes (pelo que se notícia, a protagonista-docente, cavalgando o apoio popular, está a disparar em todas as direcções, multiplicando a sua ira em diversas queixas-crime; e a protagonista-discente, que, por agora, tem conseguido manter-se a salvo do assédio mediáto, não esperará muito para ver prorrogados os seus minutos de fama), este filme vai ter direito a sessões contínuas, como é típico do género cinematográfico em que se insere.
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