Onze coveiros dos cemitérios de Benfica e Alto de S.João, em Lisboa, e um empreiteiro foram, na passada semana, constituídos arguidos por indícios da prática do crime de corrupção passiva. Num período em que a gorja, a gratificação, a imperial paga no café da esquina, o envelope das boas-festas ou das amendoas (é infinda a nossa criatividade eufemística para definir corrupção)está na ordem do dia, não é de espantar a notícia. Pois, afinal, quem nunca foi abordado pelo coveiro lá do cemitério, sugerindo-lhe que "uma camadazita de brita sempre impermeabiliza melhor a campa e dá outro aspecto. Quando quiser, já sabe" ? Ou até pelo agente funerário, que lhe diz: "Com os arranjos da campa não se preocupe. Amanhã, vá falar com o senhor Fulano de Tal e diga que vai da minha parte. Ele trata de tudo. Só tem de me dizer que tipo de pedra quer."
No que me diz respeito, nunca o fiz. Mas tenho muitas almas caridosas e temerosas ("eles são pagos para fazer, mas se não se der, não vão eles desprezar a campa..") na família que já têm ajudado a compor o vencimento daqueles a quem compete garantir que a terra nos é pesada.
Que estas práticas, socialmente toleradas e aceites, revelam muito da promiscuidade e do relativismo moral de que há muito enferma a sociedade lusa, a sua denúncia também demonstra o alheamento e a desorganização dos serviços da CML responsáveis pela gestão cemitarial - pois, ninguém - desde o vigilante ao portão dos cemitérios, passando pelos fiscais e terminando no responsável máximo pela gestão do cemitério - alguma vez suspeitou de que havia campas arranjadas por obra e graça da santíssima trindade sem que tivesse havido licença para o efeito? E, já agora, não poderia (e deveria) a CML informar os seus munícipes, de forma clara e inequivoca, das regras a observar aquando do arranjamento de campas? Ficam as interrogações, que são o que mais sobra nesta caso.
No que me diz respeito, nunca o fiz. Mas tenho muitas almas caridosas e temerosas ("eles são pagos para fazer, mas se não se der, não vão eles desprezar a campa..") na família que já têm ajudado a compor o vencimento daqueles a quem compete garantir que a terra nos é pesada.
Que estas práticas, socialmente toleradas e aceites, revelam muito da promiscuidade e do relativismo moral de que há muito enferma a sociedade lusa, a sua denúncia também demonstra o alheamento e a desorganização dos serviços da CML responsáveis pela gestão cemitarial - pois, ninguém - desde o vigilante ao portão dos cemitérios, passando pelos fiscais e terminando no responsável máximo pela gestão do cemitério - alguma vez suspeitou de que havia campas arranjadas por obra e graça da santíssima trindade sem que tivesse havido licença para o efeito? E, já agora, não poderia (e deveria) a CML informar os seus munícipes, de forma clara e inequivoca, das regras a observar aquando do arranjamento de campas? Ficam as interrogações, que são o que mais sobra nesta caso.
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