sábado, 15 de março de 2008

A ciência do mosquiteiro

Temo que o que se segue não passe de uma alarvidade. Que deva mais à ignorância que à perplexidade, mas vou correr o risco. Afinal, não é dos ignaros o reino dos céus?...
Ao ler a entrevista a António Coutinho - director do Instituto Gulbenkian da Ciência, recém distinguido com o Prémio Universidade de Lisboa e, segundo o Science Citation Index (sabem o que é? eu também não) um dos cem cientistas mais influentes do mundo -, publicada na VISÃO desta semana, dei por mim, duvidando do que acabara de ler, a reler a resposta dada pelo cientista quando perguntado pelo estudos que desenvolve sobre a malária. Segundo O dr. Coutinho, a equipa do instituto que dirige tem feito um esforço de investigação sobre a doença - que infecta entre 200 a 500 milhões de pessoas no mundo, por ano, em especial em África -, tendo já concluído duas ou três coisas (com) que ninguém contava: que não há motivo para temermos o "regresso" da doença à Europa por força do fenónemo do aquecimento global; que só se 3% da população europeia fosse infectada em simultaneo é que essa hipotese o era; e que se pode erradicar a doença de África (cito) "reforçando-se os mosquiteiros e tratando mais a população." Sim, leu bem. Uma equipa de cientistas portugueses, depois de meses (anos?) de estudos aturados e sob a coordenação emérita de António Coutinho, conseguiu provar (através de modelos matemáticos - a matemática está em todo lado, já asseverava, iluminadamente, uma minha professora do ciclo) que, para erradicar de África a malária é preciso investir em mais...mosquiteiros.
É uma afirmação tendensiosa e abusivamente simplista a minha - talvez. Assumo-o e, desde já, me persigno perante o mérito dos visados. Mas não causa perplexidade ver a Ciência sucumbir à prosaica simplicidade (e utilidade) do mosquiteiro? Não parece que a montanha acaba de parir um rato, ou um mosquiteiro?
Mas, para além de repudiar previsões tremendistas e fazer a apologia do mosquiteiro, António Coutinho deixa-nos uma nota de esperança científica: nunca será possível fazer a vacina contra a malária. Bem-haja, Dr. Coutinho.

1 comentário:

Anónimo disse...

A ignorância é o pior dos males, para a qual nunca existirá vacina...Se estamos hoje aqui todos os que estamos é porque nem toda a gente pensa assim. Felizmente!