terça-feira, 1 de abril de 2008

A saga de Marinho

O meu ilustre colega e bastonário Marinho e Pinto não resiste. Desta feita, exigiu a sua consciência democrática que emprestasse a sua voz à causa (execrável, conforme disse) de Mário Machado, o líder skinhead preso preventivamente na zona prisional da PJ, sob acusação da prática crimes de discriminação racial.
Caro Doutor Marinho: que Mário Machado tenha sido vítima da abrupta entrada em vigor do C.P.P., que a reapreciação (repentina) da medida de coacção que lhe foi aplicada possa ter sido efectuada com alguma ligeireza e leviandade (por mor da paz social!) e que, estranhamente, segundo diz, o arguido nunca tenha recebido a correspondência que lhe era destinada, não sei - mas dou de barato. Até um advogado intermitente como este que aqui opina, já terá tido conhecimento de iniquidades idênticas. O que surpreende e, permita-me que lhe confesse, me suscita alguma comichão intelectual, é que o sôtor não chame também a atenção da TV para a situação concreta e, igualmente abjecta, de outros reclusos deste país. É que temo, sinceramente, enquanto advogado e cidadão, que as luzes das câmeras começem a ofuscar (e a trair) os horizontes institucionais que lhe incumbe prosseguir. É que a luzes mediáticas têm por vício e virtude transformar (e deformar) os objectos sobre que incidem.

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