José Sócrates voltou a ser acusado de tentar silenciar jornalistas. Ao que parece, desta vez, a "vítima" foi Mário Crespo, talvez o nosso melhor pivô televisivo da actualidade.
Segundo se noticía, o jornalista viu não autorizada a publicação duma crónica sua no JN, onde denunciava ter existido pressão do primeiro-ministro, junto de um executivo de televisão, para "resolver" o "problema" que o jornalista vinha constituindo.
Alegadamente por versar factos não comprovados, o director do JN decidiu não publicar a crónica de Mário Crespo.
Por princípio, afigura-se correcta a decisão do director do diário. Não fosse o jornal pertencer ao grupo empresarial que mais ganha com publicidade governamental; e não fosse o facto de Mário Crespo não se ter ficado pela insinuação, mas identificar inequivocamente os visados, dos quais sobressai José Sócrates - o que, em face do crédito profissional de que Mário Crespo se fez merecedor, talvez justificasse uma decisão mais corajosa por parte do director do JN.
É verdade que Mário Crespo não revela, na sua crónica, a identidade do executivo de televisão pressionado - e deveria tê-lo feito. Mas talvez porque, a fazer fé no noticiado pelo i, se trata do director de programas da SIC, Nuno Santos, o jornalista terá optado por não fragilizar um homem forte da casa, que, por civilidade ou auto-preservação, parece ter pecado por omissão no epsiódio.
Ainda assim, atenta a gravidade dos factos e a credibilidade do denunciante, este nunca deveria ter sido censurado. Nem que fosse pelo risco de vir a beneficiar do efeito contrário. Como (quase) sempre acontece.
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