domingo, 14 de setembro de 2008

O breakdancer do PSD

Quem olhasse de relance a capa da nova revista do Expresso -"Única"- pensaria que o semanário está a tentar captar o público dos Morangos com Açúcar. Numa fotografia de grande formato, um indivíduo pousava de pernas para o ar, no que parecia ser um passo de breakdance. Olhando mais atentamente, começamos por reparar que o fotografado não veste propriamente fato de treino nem calça ténis (mas sim camisa branca e calça de fato), nem se encontra num qualquer beco de Nova Iorque (mas sim no que parece ser um escritório). Depois, talvez torcendo o pescoço, damos por nós a achar que o cérebro nos está a pregar uma partida, quando começamos a associar aquele personagem ao ex-ministro da Presidência Morais Sarmento.
Para nos certificarmos da nossa boa saúde mental e não desatarmos a correr para uma urgência de psiquiatria, começamos a ler os títulos e acabamos a ler a entrevista feita ao visado. Se a empregada do quiosque ou da papelaria não nos avisou entretanto que a revista exposta é para consumo da casa, havemos de chegar à tranquilizadora (?) conclusão de que é ele mesmo, o ex-ministro de Santa Lopes, Nuno Morais Sarmento. Mas, logo de seguida, somos confrontados com revelações como aquela em que - não já a fazer o pino mas nas pontas dos pés - diz ter sido ele o primeiro a ser convidado por Durão Barroso para primeiro-ministro e não Santana. Ou quando diz que não está no seu programa de vida ser primeiro-ministro, mas que pode mudar de ideias. E eis que damos por nós a passar de cabeça um atestado de menoridade institucional ao PSD.
É certo que já tivemos um primeiro-ministro que atafulhou a boca em directo de bolo-rei para não responder aos jornalistas, e outro que enquanto sonhava que algum dia o haveria de ser pousou de lenço vermelho atado à cabeça para a CARAS. Mas só a perspectiva de ter como primeiro-ministro um tipo que pousa para uma revista a dançar breakdance é, no mínimo, perturbadora. Lá que no PSD não falta quem se torça todo para dançar em S. Bento, não temos dúvidas - aliás, velhacos e dançarinos nunca faltaram na S. Caetano à Lapa -, mas que o venham a conseguir numa qualquer eleição deste milénio, é qualquer coisa de aterrador.

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