A avaliar pelo voluntarismo e discricionariedade com que, nos últimos vinte anos, se distribuiram fogos municipais em Lisboa, parece-me profundamente injusto continuar a acusar ex-autarcas como Jorge Sampaio, João Soares ou Santana Lopes, de nada terem feito para combater a desertificação da capital. Quando muito podemos acusá-los de, no furor da sua generosidade habitacional, terem talvez descurado a tão propalada necessidade de promover a fixação de jovens na cidade, pois, a considerar a faixa etária daqueles a quem, ao longo dos anos, foram alegadamente atribuídos fogos municipais (a fadista Anita Guerreiro, a actual Vereadora da Acção Social da autarquia, o jornalista Baptista-Bastos etc.), e teremos que conceder aos críticos que, se quando um jovem precisa de casa tem de ir ao BES, quando é um cota a precisar, vai - ou pelos menos ia - à Câmara de Lisboa.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
sábado, 20 de setembro de 2008
A revolta dos figurantes
Habituados por anos de consumo diário de telenovelas a ver em cada brasileiro um Évilázio ou um Jorge Tadeu e em cada brasileira uma Tieta ou uma Tancinha, os portugueses (e, muito especialmente, as portuguesas) começam de repente a dar-se conta de que estão a ser invadidos por bandos de "figurantes" brasileiros dispostos a tudo para saltarem para as primeiras páginas dos jornais nacionais.
Tudo começou com o episódio-piloto do assalto à agência do BES. Agora, parece que esses bandos estão a produzir, realizar e protagonizar, ali para os lados de Setúbal, uma versão da novela dos comandos do crime organizado brasileiro. "PCP - Primeiro Comando Português" parece que vai ser o título da novela e o primeiro episódio já foi gravado na cidade sadina. Começa com a morte a tiro de um proprietário de uma ourivesaria da cidade. E, segundo o Correio da Manhã, promete pôr os portugueses agarrados ao écran nos próximos tempos.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Retaliação fiscal
Hoje, dezoito de Setembro de dois mil e oito, ao cabo de anos e anos de coacção e esbulho fiscal, o povo decidiu retaliar! Ao final da manhã, dois insubmissos contribuintes resolveram dizer basta! à violência fiscal a que o Governo têm submetido o país, e agiram. Pelas 12:30, encapuzados (pois nunca se sabe, neste país onde, segundo Manuela Ferreira Leite, a liberdade de expressão está ameaçada) e armados com a força da razão (e, ao que parece, duas pistolas), irromperam na Repartição de Finanças de Sacavém para demonstrar ao ministro Teixeira dos Santos que, como diz o povo, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão!
terça-feira, 16 de setembro de 2008
O papel da Educação
Para celebrar o início de mais um ano lectivo, os nossos mais altos dignatários resolveram marcar presença em várias escolas do país. José Sócrates esteve no Porto, em visita a dois estabelecimentos de ensino recentemente reabilitados. A ministra da Educação e o Presidente da República optaram por comparecer na Escola D. Dinis, em Lisboa. Depois dos discursos da praxe, de que se salienta o mea culpa do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, por não poder integrar o lote de autarquias contempladas com as novas competências educativas, Sócrates teve direito a uma aula de música e Cavaco Silva a um comité de despedida, constituído por algumas encarregadas de educação que lhe fizeram saber que, este ano lectivo, o Conselho Directivo da Escola Manuel Teixeira Gomes, em Chelas, pede aos seus alunos que tragam papel higiénico de casa...Não vão os putos, seguindo o exemplo do Governo, limpar as mãos às paredes.
Casa de saúde Alberto João Jardim
Ao contrário do que dizem e escrevem os detractores do Alberto João Jardim, o presidente do Governo Regional da Madeira é um defensor declarado da liberdade de expressão. A comprová-lo as suas mais recentes declarações aos meios de comunicação do contenente, a propósito da entrevista dada por Morais Sarmento à revista do Expresso. Segundo Jardim, cada um é livre de dizer o que entender. Afinal, as casas de saúde estão cheias de indíviduos que se dizem Napoleão e César. Logo, concluo eu, porque não pode Morais Sarmento querer fazer-se passar por eventual candidato a primeiro-ministro?
E tem toda a razão, o dr. Alberto João. Até sugiro ao dr. Jardim que, sob a sua égide e especial patrocínio, a sua secretaria-regional da Saúde crie um lar ou casa-de-repouso especialmente vocacionada para cuidar dos ex-candidatos a candidatos a primeiros-ministros e à presidência da República até hoje existentes no PSD. Olhe que está à beira da reforma, dr. Jardim...
domingo, 14 de setembro de 2008
O breakdancer do PSD
Quem olhasse de relance a capa da nova revista do Expresso -"Única"- pensaria que o semanário está a tentar captar o público dos Morangos com Açúcar. Numa fotografia de grande formato, um indivíduo pousava de pernas para o ar, no que parecia ser um passo de breakdance. Olhando mais atentamente, começamos por reparar que o fotografado não veste propriamente fato de treino nem calça ténis (mas sim camisa branca e calça de fato), nem se encontra num qualquer beco de Nova Iorque (mas sim no que parece ser um escritório). Depois, talvez torcendo o pescoço, damos por nós a achar que o cérebro nos está a pregar uma partida, quando começamos a associar aquele personagem ao ex-ministro da Presidência Morais Sarmento.
Para nos certificarmos da nossa boa saúde mental e não desatarmos a correr para uma urgência de psiquiatria, começamos a ler os títulos e acabamos a ler a entrevista feita ao visado. Se a empregada do quiosque ou da papelaria não nos avisou entretanto que a revista exposta é para consumo da casa, havemos de chegar à tranquilizadora (?) conclusão de que é ele mesmo, o ex-ministro de Santa Lopes, Nuno Morais Sarmento. Mas, logo de seguida, somos confrontados com revelações como aquela em que - não já a fazer o pino mas nas pontas dos pés - diz ter sido ele o primeiro a ser convidado por Durão Barroso para primeiro-ministro e não Santana. Ou quando diz que não está no seu programa de vida ser primeiro-ministro, mas que pode mudar de ideias. E eis que damos por nós a passar de cabeça um atestado de menoridade institucional ao PSD.
É certo que já tivemos um primeiro-ministro que atafulhou a boca em directo de bolo-rei para não responder aos jornalistas, e outro que enquanto sonhava que algum dia o haveria de ser pousou de lenço vermelho atado à cabeça para a CARAS. Mas só a perspectiva de ter como primeiro-ministro um tipo que pousa para uma revista a dançar breakdance é, no mínimo, perturbadora. Lá que no PSD não falta quem se torça todo para dançar em S. Bento, não temos dúvidas - aliás, velhacos e dançarinos nunca faltaram na S. Caetano à Lapa -, mas que o venham a conseguir numa qualquer eleição deste milénio, é qualquer coisa de aterrador.
O novo regulamento da PSP
Conta o Expresso que, há meses, ao desembarcar na Portela, o Director Nacional da PSP deparou com um seu subordinado relaxadamente encostado a uma parede a falar ao telemóvel, ao mesmo tempo que fazia rodopiar o chapéu na ponta do cassetete. Segundo o semanário, indignado, Monteiro Pereira terá logo ali repreendido o agente, mas, não contente com isso, ordenou de imediato a elaboração de um novo regulamento de continências e honras para aquela corporação policial.
Segundo o Expresso, o projecto do novo regulamento, que estatui, por exemplo, que os agentes não podem fumar, mascar pastilha ou falar ao telemóvel, na presença de superior hierárquico, sem o seu consentimento, ou que devem saudar superiores e cidadãos sempre que com estes se cruzem, como sinal de boa educação, está a preocupar, como é costume, as associações de polícias, pois, segundo estas, o novo regulamento é mais militarista que o militar, não vai contribuir para um melhor desempenho profissional e só vai constituir mais um pretexto "para os chefes castigarem os subalternos."
Se exceptuarmos alguns anacronismos de pormenor como a obrigatoriedade de tratar oficiais superiores por "execelência" ou "excelentíssimo", claramente reminiscências da formação de base militar de Monteiro Pereira, não se entrevê como é que regras básicas de civilidade e boa educação como saudar quem connosco se cruza ou não mascar pastilha enquanto dialogamos podem ser tidas por deferências militares. Se podem ou não constituir pretextos para prepotências e arbitrariedades, certamente as associações profissionais saberão dar notícia pública de tais ocorrências, desencadeando os mecanismos competentes para a sua punição. Agora, numa coisa os profissionais do pró-sindicalismo policial tem razão: não é o regulamento que vai melhorar o desempenho profissional dos agentes. Um melhor desempenho policial consegue-se com melhor formação (técnica e cívica) e remunerações condignas, mas, acima de tudo, com maior rigor na selecção daqueles que desejam verdadeira e conscientemente desempenhar funções policiais, e não um emprego seguro. Mas se é verdade que tudo isto constitui condição necessária para a manutenção e dignificação de um corpo policial apto para a prossecução duma atribuição estadual fundamental, não é menos verdade que há um conjunto de requisitos exigíveis a qualquer agente policial de um Estado de direito democrático que não são materializáveis em mais armas e carros-patrulha; requerem investimento público, mas não oneram o orçamento do MAI (quando muito do Ministério da Educação) e adquirem-se nas escolas, mas não nas escolas de polícia. Falo de exigência pessoal, de brio, de ética, de deontologia profissional. Pois de que serve dispôr de arma moderna se, em rigor, não se a sabe usar? De que serve ver aumentado o subsídio de fardamento se não se conhece o que representa - logo não se respeita - a farda que se usa? Como se pode exigir melhores leis se se está na profissão como se as leis só vigorassem para os paisanos? Enfim, elocubrações nocturnas.
sábado, 13 de setembro de 2008
A fábrica de amigos
Depois de expulsar o embaixador norte-americano do país, Hugo Chávez brindou Manuel Pinho, o nosso ministro da Economia, com um novo slogan para uma das suas próximas campanhas de promoção de Portugal: "Portugal é como uma fábrica de amigos".
Sendo o autor quem é, não sei até que ponto a originalidade da frase contribuiria para promover este paraíso à beira-mar plantado, mas que não poderia traduzir melhor a política externa deste Governo, parece-me evidente. Além disso Manuel Pinho não tem tido sorte com os slogans e marcas a que vai associando o país. Depois da mediocridade do episódio "Allgarve" (marca que tinha a virtualidade de reduzir Portugal ao litoral algarvio), foi agora a (rasteira) associação de Portugal, por uma revista inglesa, à sigla PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha), que parece ter conseguido beliscar o patriotismo do ministro Pinho.
Por isso, talvez não seja assim tão estapafúrdio aproveitar a ideia chávista e lançar uma campanha internacional, porventura produzindo um spot com excertos de intervenções de Chávez e José Eduardo dos Santos, sob o lema: Portugal, a sua fábrica de amigos!
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
O regresso do herói
Paulo Pedroso regressou em força à actividade político-partidária. Depois duma longa passagem pelos infernos do "Caso Casa Pia" e duma relativamente breve experiência internacional de purgatório, o ex-ministro e deputado socialista parece decidido a reassumir o protagonismo que já teve no PS. E a vontade é tanta que já começou a criar alguns embaraços ao status quo socialista, fazendo mediaticamente (como convém) a apologia do pragmatismo político, ao não descartar convergências pontuais com o PSD.
José Lello, socialista profissional e carreirista sensacional, veio logo a terreiro atestar da absoluta impossibilidade de tal cenário. Mas Pedroso está em evidente processo de auto-reabilitação política, é um homem ferido, em busca do tempo perdido.
Para uns, nos próximos tempos, Pedroso irá protagonizar uma versão política do filme "O regresso do herói"; para outros, no entanto, a fita será mais do género "A fúria do herói". Certo porém é que Paulo Pedroso vai ser uma personagem de destaque nas fitas políticas dos próximos tempos. Com ou sem indemnização. Com ou sem passado "casapiano".
O congressista
Talvez porque já foi médico, Luís Filipe Menezes tem uma adoração especial por congressos. A avaliar pelo (pouco) tempo que exerceu medicina, o dr. Menezes não terá tido oportunidade de frequentar muitos congressos de ciência médica, mas, desde que se convenceu de que é a cura para todos males do PSD, não tem feito outra coisa que não seja promover (des) concílios partidários.
Conhecendo como conhecemos a vocação festiva dumas quantas figuras social-democratas, logo diremos que não faltarão aficionados aos congressos do dr. Menezes. Mas, surpreendentemente (ou talvez não), desta vez, o congresso que o ex-líder do PSD pretende promover no partido, não vai contar com a adesão de, pelo menos, dois dos mais reputados dinamizadores de congressos social-democratas, a saber: Santana Lopes e Passos Coelhos. Em alternativa, ao que parece, o dr. Alberto João, como pândego impenitente que é, já declarou agradar-lhe a ideia, pelo que não haverá qualquer probabilidade do dr. Mendezes ter mais uma crise de anti-sulismo, anti-elitismo e anti-liberalismo. Caso contrário, terá sempre Jardim para, nem que seja sózinho, fazer a festa, deitar os foguetes e apanhar as canas.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
O sorriso de António Costa
António Costa é incontornavelmente o político mais hábil do nosso ecossistema político-partidário. Depois de ter sentado ao seu colo Sá Fernandes - e posto o Bloco internamente às turras -, lá conseguiu namorar Helena Roseta, propondo-lhe agora aquilo que o Expresso designa como sendo um "acordo de cooperação para o resto do mandato".
Segundo o semanário, a ex-deputada socialista (alegrista) e Manuela Júdice, membro do seu movimento Cidadãos por Lisboa, vai colaborar na elaboração de um programa local de habitação para a capital e na organização de um evento multicultural previsto para o próximo ano. Helena Roseta diz que não se trata da atribuição de pelouros, mas de partilhar tarefas. Pois nunca quis ser parte do problema, mas sim parte da solução.
Quando perguntado pela demora desta partilha de tarefas, Costa sorri, o sorriso do lagarto: "Tudo precisa do seu tempo."Chama-se a isto partilhar para reinar. Maquiavel ensina. É ou não é de se lhe tirar o chapéu?
Pensionistas de 1ª e de 2ª
Segundo o Correio da Manhã, está imparável o número de aposentações milionárias na Função Pública. Mas ao contrário do que seria expectável, nesta última leva, os destaques vão para dois quadros dos CTT. O inspector-geral da empresa pública vai começar a receber, já a partir de Outubro, € 8.093, e um "especialista em organização" da empresa vai tocar-lhe € 6.109.
Por sua vez, em Braga, um erro na impressão de vales de reforma da responsabilidade duma empresa subsidiária dos CTT, mantém, há duas semanas, 198 pensionistas na desesperada expectativa que o carteiro deposite na sua caixa do correio o seu modesto vale de reforma...
Desconhece-se o que o "especialista em organização" recém aposentado da empresa pensa sobre o incidente; mas tenho impressão que, nesta altura, deve andar mais preocupado a fazer planos para gozar a reforma.
RedBull II: rectificação
Depois de ler ontem o balanço rejubilatório que Rui Rio faz do evento RedBull Air Race, devo lavrar aqui a seguinte rectificação: o apoio financeiro que a Câmara do Porto atribuiu à organização da prova atingiu os € 400 mil, e não € 200 mil conforme referi em post anterior. Mas acalmem-se os miserabilistas defensores da racionalidade económica: segundo o autarca, que mandou fazer estudos de impacto económico (e ambiental?) sobre o evento, a prova garante um retorno económico directo entre 17 e 23 milhões de euros.
Os mercados municipais e os equipamentos culturais do município do Porto agradecem...
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
RedBull deu asas a € 900 mil
A prova RedBull Air Race, que se realizou este fim-de-semana no Douro, deve ser declarada o evento do ano em Portugal. Para além de conseguir a relativa proeza de pôr mais de 650 mil portugueses a olhar para o céu - o que é digno de registo, mesmo num país onde toda a gente anda de cabeça no ar (mesmo quando conduz) e a assobiar para o lado -, proporcionou um extraordinário episódio de sintonia política entre um dos mais verberados ministros socialistas - Manuel Pinho - e uma das mais verberantes figuras social-democratas, o autarca Rui Rio.
Num momento político em que a líder do PSD acusa o Governo de nos andar a distrair é delicioso ver Rui Rio, autarca conhecido (e assumido) pela intransigência da sua política de austeridade financeira (aquele que não tem dinheiro para manter teatros municipais nem para reabilitar o mercado do Bulhão), fazer a apologia de investimentos públicos como o efectuado naquele evento aéreo. Afinal, conforme disse o autarca, há que pôr as pessoas "contentes e animadas", e depois, que são 900 mil euros (500 mil do Governo (através do Instituto do Turismo), € 200 mil da Câmara do Porto e € 200 mil da Câmara de Gaia) para pôr malta, um fim-de-semana, a emborcar imperiais na Ribeira do Porto, enquanto vê os aviões passar?
É caso para dizer que, este fim-de-semana, RedBull deu asas a € 900 mil do erário público central e municipal, e a uns quantos bonecos políticos nacionais.
E como, à semelhança de outras bebidas, RedBull primeiro estranha-se, depois entranha-se, o ministro Pinho já prometeu que para o ano há mais.
domingo, 7 de setembro de 2008
Uma mulher zangada
Manuela Ferreira Leite é uma mulher zangada com o país. Zangada com o Governo, que anda a "enganar-nos ou distrair-nos"; zangada com o seu partido, que não se conforma com o seu perfil monolítico; e, acima de tudo, zangada com a sua consciência, que a obrigou a abandonar a tranquilidade da aposentação senatorial para a jogar na arena político-partidária.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
A cadeira de Portas
Paulo Portas lembra-me aqueles miúdos intelectualmente precoces cuja impertinência e egocentrismo vai afastando todos aqueles que, uma vez atraídos pelo seu brilhantismo, se foram vendo consumidos pelas radiações do seu carisma.
Líder dum partido criado e recriado (n) à sombra da sua imagem e das suas pretensões políticas, Portas recusa admitir que o seu partido é ele, dois ou três indefectíveis menores e a bela e doce Teresa Caeiro, que, manifestmente, merecia mais do que fazer o papel de bela e inteligente do partido.
Depois de ter tirado o tapete a Manuel Monteiro, de ter querido "apagar" a figura de Freitas do Amaral da história do partido (em que entrou pela porta das traseiras) e de ter eliminado os potenciais concorrentes Maria José Nogueira Pinto e Pires de Lima, soube-se agora que há um ano que secara a paciência (e o ego) de Nobres Guedes. Consciente dos danos provocados por mais esta desistência, tentou abafar a notícia, interna e externamente, e veio a público "limpar as mãos à parede".
Portas é, definitivamente, um líder cada vez mais só; vejamos agora até onde vai o seu egocentrismo. Vai sair pelo seu pé (e, desta feita, com os dois pés) ou vai resistir até cair da cadeira?
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Não compensa assaltar bombas de gasolina?
Não compensa assaltar bombas de gasolina. Não é a minha experiência pessoal que o afirma, sublinhe-se, mas o presidente da associação dos armazenistas e revendedores de combustíveis (ANAREC). Segundo o homem da ANAREC, Augusto Cymbrom, assaltar estações de abastecimento não compensa porque "têm muito pouco dinheiro disponível". Pelo que, caros assaltantes, aconselha ele, "deixem de assaltar e vão trabalhar que é melhor."
Não sei porquê, suspeito que a vilanagem nacional não estará particularmente receptiva ao conselho desesperado do líder associativo, mas, eu cá, se fosse profissional do sector, não desdenharia de tal sugestão. É que parece, segundo o Público, que o MAI vai alargar a mais 1000 postos de combustíveis, o programa "Abastecimento Seguro", o que, segundo o expressionista José Magalhães, vai possibilitar "sentar os operadores principais de segurança privada no (...) grupo de trabalho. (...) o que permitirá "somar ao trabalho da polícia a sinergia da segurança privada."
Assim, meus caros profissionais do assalto a bombas de gasolina, talvez seja melhor pensarem em mudarem de ramo de actividade. Ou, então, sindicalizem-se!, e reivindiquem, na vossa qualidade de operadores principais de insegurança pública, assento no grupo de trabalho de José Magalhães.
Mas, vendo bem as coisas, o Governo jogou bem. Não podendo nem devendo financiar os riscos inerentes à actividade empresarial dos revendedores de combustíveis e não querendo, ainda assim, melindrar esta sector do empresariado-financiador eleitoral nacional, nada melhor que, exibindo atenção e empenhamento e não comprometendo um cêntimo do erário público, promover uns quantos programas e protocolos, abrindo novos horizontes de negócio para o sector da segurança privada.
É caso para dizer: porreiro, Sócrates!
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Educação no desemprego
Segundo a FENPROF, este ano serão cerca de 40 mil os professores no desemprego. De acordo com o ministério da Educação tal número não corresponde à realidade, dado não ser este o número de docentes inscritos nos centros de emprego.
Obviamente, a FENPROF contesta o critério ministerial, alegando que grande parte dos professores desempregados não reúnem os requisitos para aceder ao subsídio de desemprego, pois trata-se de casos de licenciados que nunca fizeram descontos para a segurança social, nunca tiveram qualquer contrato de trabalho (pelo que se justifica perguntar se alguma vez exerceram a profissão) ou então foram professores precários, contratados a "recibo verde". E, por outro lado, diz ainda a federação dos professores, para demonstrar a malévola intencionalidade da tutela, foram muitos os docentes que se aposentaram, pelo que não assiste assim ao ministério qualquer razão para a não integração nos quadros públicos de mais professores.
Como demonstração da inexistência de qualquer preconceito da minha parte relativamente à FENPROF, devo dizer que concordo não constituir argumento intelectualmente sério, por parte do ministério, a invocação do número de professores inscritos nos centros de desemprego. Ter-se como certos e seguros os números divulgados pelo IEFP, seria tão consequente como recorrer à Casa do Douro para apurar a taxa de sinistralidade rodoviária.
Todavia, também não é política nem intelectualmente sério, continuar a exigir a integração de mais professores nos quadros públicos, com o demagógico argumento de que estes iriam substituir docentes entretanto aposentados, quando se conhecem os baixíssimos números da natalidade em Portugal e a sua consequente repercussão na determinação das necessidades reais do país.
Se a sofística ministerial é uma degenerescência da (boa) prática política, a demagogia é um pecado venal do sindicalismo moderno.
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