A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) está preocupada com a insegurança nas esquadras portuguesas.
Ao ler o título da notícia, pensei que a ASPP alertava para o estado de pré-ruína a que chegaram alguns postos policiais; por segundos até, confesso a minha credulidade, passou-me mesmo pela cabeça que, aquela associação sindical, num assomo de brio e dignidade profissional, fazia uma ligeira auto-crítica a propósito dos abusos e prepotências que ainda vão ocorrendo nas esquadras deste país. Mas não, enganei-me. A ASPP referia-se aos dois casos de agressão a agentes da PSP, em postos policiais, noticiados esta semana.
Os casos em questão, designademente o ocorrido em Beja, são suficientemente graves para suscitar, ao comum dos cidadãos, a indignação que a violência das agressões justifica. E é também natural e legítimo que a ASPP aproveite a ocasião para denunciar os absurdos da filosofia de gestão de recursos humanos até aqui implementada na PSP - e rebobinar o discurso da insuficiência de meios. O que já não me parece natural, mas disparatado, é ler e ouvir a ASPP propor a instalação de sistemas de video-vigilância nas esquadras.
Ora, que o MAI e as sucessivas direcções nacionais da PSP venham utilizando na gestão de recursos humanos afectos às esquadras o mesmo sistema que, por exemplo, a CARRIS utiliza para os seus postos de venda de passes (há esquadras que, pelas suas dimensões, pouco mais serão do que quiosques), é manifestamente incompreensível e, até, intolerável. Mas o discurso estafado da ASPP da falta de pessoal e meios, que tem servido de arma de arremesso e desculpa para todas os deficiências e distorções organizacionais e corporativas, também já não colhe, a avaliar pelos mais recentes dados conhecidos.
Por isso, quando se ouve a ASPP, numa reacção manifestmente avulsa e infundada, preconizar, como medida para a resolução do problema, a instalação de câmaras de video naquelas instalações policiais, resta-nos rir (para não chorar) e incluir aqueles serviços públicos na nossa lista de locais a não frequentar.