sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Boys and girls no INEM

"Boys, boys, boys/ I´m looking for a good time"... Para quem viveu a fase das grandes mutações hormonais nos anos 80, o refrão estará certa e indelevelmente associado à cantora Sabrina, ou, mais concretamente, às "bóias" desta. Já para quem o começou a ouvir em finais dos anos 90, é provável que veja, no lugar da cantora, António Guterres, interpretando um dos maiores fiascos do seu repertório: No jobs for de boys. Durão Barroso ainda tentou lançar-se na carreira artística com a canção O país está de tanga, mas o pessimismo da letra não pegou, e o artista, sentindo-se maior que o país, emigrou. Com Santana Lopes, um assumido apreciador de sabrinas, o êxito da cantora voltou a tocar nos locais mais in (doors) do país, à semelhança do que já acontecera na Câmara de Lisboa. Lamentavelmente, o presidente Sampaio, mais dado a música de câmara, resolveu fazer Santana passar, não a good time, mas a hard time, e resolveu acabar com o entra-e-sai da piscina, não da Sabrina, mas de S. Bento.
Depois veio Sócrates, homem da nouvelle musique française, e Sabrina - e os seus boys - parecia ter os dias contados no panorama artístico português. Mas eis quando toda a gente tomava já a canção como uma das velhas músicas batidas dum Portugal recém-europeu, que descobrimos hoje, pelo Correio da Manhã, existirem ainda - mais discretos e menos numerosos, é certo, mas sempre resilientes - diversos clubes de fãs da canção. Refiro-me, não já aos muitos fãs que dantes animavam os gabinetes ministeriais, mas o mais modesto e discreto clube de boys que se vem formando no INEM. Promovido pelo presidente daquele instituto de emergência médica, coronel Abílio Gomes, o clube de boys em formação no instituto destaca-se pelo seu ecletismo, contando já com um advogado, um administrativo e uma engenheira florestal.
Tanto quanto se sabe, a ministra da Saúde não é conhecida pelo sua melomania. Todavia, parece não lhe causar qualquer prurido saber que no Instituto Nacional de Emergência Médica há um presidente e, pelo menos, uma engenheira florestal fãs incondicionais do grande e único êxito da fogosa Sabrina. Enfim, é caso para dizer: boys are always looking for a good job.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Desabamento anunciado

Não fosse o morto e o ferido registados e não seria precisa muita ironia para dizer-mos que a Justiça desabou ontem, em Fafe, sobre as nossas cabeças.
A gravidade do sucedido (o desabamento de um tecto do Tribunal de Fafe, no decorrer das obras ali em curso), quer pelo que custou em vidas humanas, quer pelo que demonstra da (falta) qualidade construtiva de muitos dos equipamentos públicos, é já suficientemente chocante para que me atreva a qualquer exercício de ironia sobre ela.
Fala-se na possibilidade de se ter "mexido" desavisadamente numa parede-mestra do edifício, em descuído ou simplesmente na eventual fragilidade construtiva duma placa de cobertura. Seja o que for que resulte do anunciado inquérito, uma coisa é certa: o que se terá poupado em cimento e gasto em trabalhos a mais aquando da construção daquele tribunal, jamais compensará a vida ali estupidamente ceifada.

1º parte: humilhação

Humilhação; desorientação; intranquilidade, para usar um substantivo bastante querido de Paulo Bento, são as palavras que surgem à pele de qualquer sportinguista - como eu - ao fim de pouco mais de 45 minutos de jogo com o Real Madrid.
5-1 é demais para qualquer orgulho clubístico em franca recuperação.
Mas vamos crer (nos dotes "desfribilhativos" de Paulo Bento, na capacidade de auto-regeneração da equipa e, já agora, na Santinha da Ladeira) que, em 45 minutos, pelo menos poderemos mitigar a humilhação - e negar aos lampiões esta oportunidade de se realizarem.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Vicente Moura: breve história de um naufrágio

O Estado investiu, ao longo de quatro anos, 15 milhões de euros numa navio que nos levasse em busca do ouro olímpico. A nau foi confiada ao velho comandante Vicente Moura, nadador e navegador experimentado nas longínquas águas olimpícas.
Ao cabo de uma semana ao largo da costa chinesa, isolado na sua cabine dourada, incapaz de controlar a sua numerosa (e caprichosa) tripulação, o velho comandante Moura viu a nau portuguesa naufragar, e resolveu abandonar o navio.
Ao longe, a bordo dum modesto bote salva-vidas, o comandante avistou dois dos seus marinheiros, que, heroicamente, haviam resgatado, do mastro que submergia, a bandeira nacional, e a desfraldavam já, em terra, nos pódios olímpicos.
Inspirado pelo heroísmo dos seus marinheiros Vanessa Fernandes e Nélson Évora, o comandante sentiu novamente emergir em si o espírito olímpico e, chegado a terra, anunciou que, com a ajuda da sua (naufragada) tripulação, talvez voltasse a comandar a nau olímpica.
Moral da história: agarrem-me senão... talvez eu fique.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Parabéns Nélson!

Quando, desgraçadamente, já nos resignávamos à saborosíssima prata de Vanessa Fernandes, eis o ouro de Nélson Évora. Qual David da esperança enfrentando o Golias do nosso desapontamento, Nélson chegou (aguentou - os fracassos sucessivos e o desânimo nacional), viu e venceu. E cá chegará, com a bolacha dourada ao peito. Parabéns, Nélson! E obrigado.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O fim do desemprego

O Governo começa a descobrir a receita para acabar com o desemprego. Segundo o Jornal de Notícias, só no primeiro semestre deste ano, 3699 portugueses viram negada a manutenção do subsídio de desemprego, por violação dalguma das obrigações impostas pelo novo regime de atribuição daquele subsídio. Incumprimento do regime de apresentações quinzenais no centro de emprego e declaração de "baixas fraudolentas" foram os principais fundamentos para o "corte" daquela prestação social.
A esta ritmo, lá para o fim do ano, Sócrates já poderá declarar extinto o espectro do desemprego em Portugal.
Suspeito é que a saúde financeira de boa parte da classe médica irá ressentir-se com a queda da procura de declarações de baixa clínica...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Conta (olímpica) final

Sem prejuízo da esperança que ainda depositamos nos nossos atletas que ainda andam por Pequim, já são de sobra as razões e os motivos para que possamos ir fazendo a conta final da nossa participação nas Olimpíadas 2008. Não me refiro obviamente à conta na acepção economico-financeira do termo, pois esse é um exercício que só por masoquismo desejaremos conhecer, mas à conta na sua perspectiva desportiva - se é que é possível conjugar os valores desportivos com critérios de deve e haver.
Não me interessa já a relação dos insucessos da confrangedora maioria dos nossos mais promissores atletas - para esse exercício de auto-lapidação nacional já dei e com menos graça que tantos outros ilustres opinion makers -, interessa-me sim, modestamente, opinar sobre algumas das razões que terão estado na origem das evidenciadas dificuldades sentidas pelos nossos atletas de alto rendimento de competirem ao mais alto nível, como sejam a humildade (ou a falta dela), o espírito de sacrifício ou, tão prosaicamente, a (in) capacidade para levantar o cú cedo da cama!
Num diagnóstico simplista, cínico, diria até contemporizador, será fácil argumentar que, num país em que a maioria dos deputados da nação falta aos mais relevantes debates e votações e continua a ser reeleita; num país em que o sonho da maioria dos jovens é ser actor dos Morangos com Açúcar (mesmo que ignorem quem foi Gil Vicente ou Shakespeare) e onde vale tudo (e Azevedo) para ter sucesso e garantir a boa saúde financeira de filhos e credores políticos, não podemos desejar ver no nosso corpo olímpico uma colecção de modelos de virtudes ético-desportivas. Todavia, ainda que tal diagnóstico revele mais do estado de alma do seu autor do que propriamente do Estado da Nação, talvez valha a pena pousarmos (mas não repousarmos) a mão nas quinas e na esfera armilar da consciência e interrogarmo-nos se é com estas "cores" folclóricas, fosforescentes, inconsequentes e evanescentes que queremos figurar no retrato da História. E, ainda que credulamente pergunte, será que é esta a memória desportiva que alguns dos nossos atletas querem que fique da sua carreira?

sábado, 16 de agosto de 2008

JS: mais do mesmo

Segundo o Público, a Juventude Socialista vai continuar a desfraldar a "bandeira" do casamento homossexual. Compreende-se a persistência dos jovens rosas. Afinal, o monopólio da originalidade política é detido pelos bloquistas do BE (que este ano até organizaram workshops em que se ensinava a usar artigos eróticos). Mas não há ninguém que explique as estes meninos que a estratégia auto-promocional das "causas fracturantes" já deu? É verdade; liguem para Bruxelas e perguntem ao camarada Sérgio Sousa Pinto.

Medvedev assinou

O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, assinou hoje o plano negociado por Sarkosy para um cessar-fogo na Geórgia. Diversos testemunhos garantem ter visto Vladimir Putin, à saída do Kremlin, cerca de meia-hora depois da assinatura do acordo, a despir o seu disfarce de Dmitri Medvedev; mas, segundo fontes próximas da presidência russa, o primeiro-ministro Putin não esteve presente no momento da assinatura do documento.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Portugal pouco olímpico

Decepção é a palavra que vai perseguir, nos próximos anos, muitos dos nossos atletas nas Olimpíadas chinesas. Dos nossos judocas fica a memória da imaturidade de Telma Monteiro perante a derrota. Da natação sobrou a confrangedora falta de ambição de Pedro Oliveira, que se apresentou nos Jogos para tentar fazer o seu melhor tempo...nacional e nem isso conseguiu. No tiro com arco, Nuno Pombo também foi a Pequim para bater o seu record pessoal, mas já deve estar a arrumar as malas, ao fim de duas participações nos Jogos. No tiro idem, na esgrima idem aspas, aspas... Resta-nos Obikwelu, já qualificado, Nélson Évora, Naíde Gomes...e Vanessa Fernandes que, habituada como está a multiplicar-se por três, ainda nos dá esperanças de valer... por três!

A festa do Pontal

O PSD festivo, comicieiro, declarou guerra a Manuela Ferreira Leite. É certo que a líder social-democrata escolheu o campo de batalha - a Festa do Pontal, uma espécie de Festa do Avante para frequentadores de solário sem barraquinhas das FARC -, mas os festivaleiros, como Ângelo Correia e Mendes Bota, escolheram as armas. Ofendidos com o desprezo da líder, Ângelo Correia, atracção principal da noite, discursou sobre os perigos e malefícios do silêncio em política; Mendes Bota, tal como se exige a um bom anfitrião, preferiu a magnanimidade à desonra, e até mandou cumprimentos aos que não puderam ou não quiseram estar presentes no evento que, António Borges, vice de Ferreira Leite, descreveu como "uma festa para quem quiser passar uma noite divertida."
No fim, não faltou quem desse umas facadinhas...no bolo, como em toda a festa que se preze.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

579 metros de campanha

O Governo assinou ontem, com toda a pompa e circunstância, o contrato para concepção/construção do troço de extensão da linha azul do metropolitano de Lisboa à estação da CP da Reboleira. Serão 579 metros de linha (metros, não quilómetros) e 58 milhões de euros de investimento público. Segundo previsão governamental, a nova extensão abrirá ao público em 2011. Ou seja: a partir de 2011, os utentes da estação da CP da Reboleira já não precisarão de percorrer 500 metros a pé para ir apanhar o comboio- vão poder fazer os mesmos 500 metros... de metro.
Segundo a secretária de Estado Ana Paula Vitorino, esta obra resolverá uma "...das maiores incoerências técnicas" da região metropolitana de Lisboa. Uma incoerência com pouco mais de 500 metros, que o Governo resolveu, com 58 milhões do erário público!
Enfim, são os primeiros 579 metros de campanha para as legislativas de Sócrates.

sábado, 9 de agosto de 2008

As virtudes do futebol

A quem ainda creia nas potencialidades formativas do futebol português, desaconselho a leitura das "lições" dadas pelo atleta do FCP, Bruno Alves, aos jovens adeptos que foram ontem assistir ao treino aberto do clube e se deslocaram ao stand Dragon Force. Perguntado por um jovem adepto de futebol sobre porque fazia tantas fintas, Bruno Alves, muito pedagogicamente, respondeu que não era muito de "...fazer fintas.(...) Sou mais de acertar nas pernas do que na bola. Às vezes dou algumas porradas."
Um cínico dirá que o atleta não disse nada que o jovem já não tenha visto na televisão, em qualquer jogo de futebol. Em resposta, contraditariamos certamente que o desportivismo, o fair play, são príncipios elementares de qualquer actividade desportiva, tal como a verdade desportiva... Mas seria a gargalhada nacional!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Os perigos do Pontal

Ângelo Correia acusou Manuela Ferreira Leite de criar um vazio no PSD, por esta ter quebrado a tradição ao ter recusado ir à Festa do Pontal.
Compreendo a preocupação do barão social-democrata. Mas estou solidário com a líder do PSD. Afinal, é uma questão de ponderação de riscos. Entre ser acusada de ser centralista, elitista e pouco liberal e correr o risco de levar com o capachinho de Mendes Bota enquanto este canta o hino do partido num palco apinhado de louras oxigenadas e de patos-bravos vestidos de laranja dos pés à cabeça, também eu escolheria não ir ao Pontal.

Um problema de fruta

Confirmam-se as minhas suspeitas: o comandante da Zona Marítima do Sul, Reis Ágoas, tem alergia a fruta. Depois de proibir as massagens de praia, pois, segundo este, nunca se sabe como esta actividade pode acabar, agora veio proibir a distribuição de maçãs e pêras nos areais algarvios, promovida por duas campanhas de luta contra a obesidade e o colesterol, só porque uma das acções fazia publicidade a uma empresa petrolífera e outra era apoiada pela Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça, o que, obviamente, constituem formas intoleráveis de publicidade e marketing.
Mas atenção, é justo referir que o comandante Ágoas não é exemplar único do proverbial nacional-cretinismo. Na CCDR-Algarve também há quem seja alérgico à fruta. Pois segundo disse Sebastião Teixeira, chefe de divisão de serviços do Litoral, ao site Observatório do Algarve, "Por regra, não é permitida publicidade nas praias, e a actividade tinha o autocolante - a chancela - da GALP." Sublinhe-se que "a actividade" consistia na distribuição de pêras na praia...E que, se é verdade que a acção tinha a "chancela" da GALP, também é verdade que também tinha a "chancela" da Direcção Geral de Saúde, o que, só por isso, conhecendo-se a qualidade dos serviços prestados por aquele organismo público, nos levará certamente a subscrever a proibição da campanha...

Tudo ao BES

O Banco Espírito Santo (BES) está definitivamente em alta. Em alta no que se refere à imperturbabilidade com que observa a "crise" de credibilidade dos concorrentes e em alta no que respeita à capacidade de captação de clientela. Mesmo da "clientela" indesejável. É que, ultimamente, até os assaltantes de bancos (só) vão ao BES! Foi ontem, na agência de Campolide, foi em Setúbal, em 2006. Das duas uma: ou a concorrência está mesmo pelas ruas da amargura, ou o BES é, definitivamente, o banco preferido dos portugueses - e dos outros.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A extinção da (outra) memória

Nos dias que correm, sempre que se sabe da degradação ou demolição daquilo que se designa por património histórico-arquitectónico, é frequente ouvir bramir contra a eliminação da nossa "memória colectiva". Poucas são porém as vezes em que ouvimos falar daquilo a que chamaria a nossa "memória (ainda) viva". Refiro-me às notícias de extermínio e consequente extinção de grande parte das espécies de primatas que conhecemos e que, quer se aceite ou não, transportam consigo a memória daquilo que fomos e muitas das chaves para a compreensão daquilo que somos e seremos.
Segundo o Público de hoje, quase metade das espécies de primatas estão em vias de extinção.
A notícia, publicada em tempo de férias, passará ao lado da maior parte dos portugueses. Mesmo dos criacionistas. Mas fica o registo, de consciência, de quem conhece qualquer coisa de onde vem.

Clínica na hora

Segundo o presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), "Neste momento é mais fácil abrir uma unidade de endoscopia digestiva do que um café". Isto porque, segundo noticia o Público de hoje, os dispositivos legais que impunham a emissão prévia de licença, pelo Ministro da Saúde, para a abertura de qualquer unidade de saúde sem capacidade para internamentos, foram revogados, encontrando-se o respectivo regime legal em revisão, desde 2007.
A fazer fé na notícia, 83% destas unidades encontram-se actualmente a prestar cuidados de saúde sem a desejável e necessária licença de funcionamento - mesmo que, segundo parece, tal situação se deva mais à esquizofrenia burocrático-legislativa, do que ao incumprimento voluntário dos responsáveis daquelas unidades.
É caso para dizer que, se quer abrir um café, abra primeiro (ou em vez de) uma unidade de saúde, é mais rápido e, a avaliar pelo número de clínicas e hospitais privados que vão abrindo um pouco por todo o lado, dá milhões!
Sendo a fiscalização (ou a falta dela) o que é, bem pode arrendar uma loja, instalar o balcão, a esplanada e a arca frigorífica dos gelados, que, desde que arranje um cantinho e, já agora, uma brasileira jeitosa, para medir a tensão arterial à clientela, vai ter uma unidade de saúde de sucesso!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

As feridas do soldado Cravinho

João Cravinho diz-se desiludido e pessoalmente derrotado com o "chumbo", pelo PS, do seu pacote legislativo contra a corrupção. Em entrevista ao programa "Diga lá, Excelência" diz sentir-se "como um soldado no campo de batalha que combateu mas foi derrotado pelo inimigo."
Sabendo-se, como se sabe, que o "inimigo", logo após o "derrotar", lhe ofereceu a prebenda de um lugar na administração do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), é motivo para dizer que, com inimigos assim, quem precisa de amigos?

O futuro do ex-inspector

Gonçalo Amaral já deve andar indeciso sobre o seu futuro profissional. Depois da sua saída da PJ, o ex-titular da investigação do "caso Maddie" ainda alvitrou a hipótese de abraçar a advocacia, mas, agora, a avaliar pelo número de presenças na televisão, nos jornais e até nas revistas cor-de-rosa, já para falar do best-seller da praxe, tenho impressão que a advocacia é um (outro) caso arquivado na vida do ex-investigador policial.
Talvez ainda o vejamos como comentador residente num qualquer programa da manhã ou a fazer concorrência a Moita Flores na autoria de séries policiais para a TVI.
Quem agradecerá a "desistência" é o bastonário Marinho e Pinto. Será menos um advogado-estagiário a "descredibilizar" a profissão.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A cena de Cavaco

Cavaco Silva falou ontem ao país, ou melhor, ao PS, ou melhor ainda, ao PS/Açores. Isto para não dizer que, na verdade, lá no interior do "boneco institucional" que encarna, Cavaco quis mesmo mas foi falar aos 230 idiotas que a Constituição da República permite que ponham e disponham dos seus poderes presidenciais sem lhe darem...cavaco!
Depois de um dia de suspense, de inusitado frenesim mediático em que todos sobre tudo especularam sobre qual seria o tema da anunciada declaração do Presidente ao país - o "chumbo" (parcial) do TC ao Estatuto Político-Administrativo dos Açores? o novo regime da Função Pública? o caso Apito Dourado e a FPF? -, Cavaco apareceu nas suas melhores vestes dramáticas, senho fechado, visivelmente nervoso, para discorrer, afinal e somente, sobre o chumbo ao Estatuto dos Açores.
Denso e fechado, o discurso não foi, evidentemente, para português perceber, mas para PS ouvir e Assembleia não tresler. Enfim, foi Cavaco à Cavaco.
Indubitavelmente, Portugal perdeu um actor dramático (canastrão) e, a grande maioria dos portugueses, uns longos minutos para fazer outra coisa qualquer.