sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Voto McCain

Gosto de McCain. Porque se Obama inspira, McCain transpira. Se Obama representa, McCain encarna. E porque se Obama tem um sonho, McCain tem a realidade. Posto assim, nestes termos de comparação, talvez ambos mereçam a nossa admiração. Mas talvez seja esta a dolorosa diferença entre os candidatos americanos e os putativos candidatos nacionais: lá a dificuldade está na escolha do melhor, do mais inspirador e representativo. Cá, a escolha é, quase sempre, a do mal menor. Ou como dizia uma minha antiga colega de escola: o do menos pior.

Um novo Kennedy ou um Kennedy novo?

Segundo se escreve e diz, Barak Obama vai ser um novo Kennedy.
Inegavelmente, o candidato à presidência norte-americana tem carisma (e uma mulher politicamente empenhada a seu lado) , sabe como inspirar um mundo carente de ideais e o que representa para todos os excluídos, preteridos e banidos da América. Mas daí a ser um novo Kennedy... Quando muito, Obama será um Kennedy novo: um JFK sem Marilyn nem Fidel Castro, mas pronto para sentar Ahmadinejad e Kim Il-Sung (e Bin Laden?) à sua mesa.

sábado, 25 de outubro de 2008

O dr. Rangel e os (não) direitos dos animais

Na opinião do líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, os animais em geral e o seu cão em particular não são merecedores da titularidade de direitos porque não sabemos o que sentem ou, até, se sentem alguma coisa.
A avaliar pela simplicidade do raciocínio e ninguém diria que o dr. Rangel é tido por ser um dos mais brilhantes jovens juristas portugueses.
Não sei se o jurista Rangel usa na sua actividade de jurisconsulto da mesma lógica da batata, mas sei que, perante a tacanhez e a obtusidade de espírito revelada na sua entrevista desta semana ao Sol, prefiro não saber o que pensa o dr. Rangel do reconhecimento hoje praticamente universal dos direitos dos menores, afinal, ainda hoje não se sabe, por exemplo, o que sente ou como sente uma criança de dois anos...Ou o que pensa da Constituição garantir aos incapazes e até aos interditos o direito à vida, à integridade física..., afinal, nunca se sabe o que vai na cabeça dum demente, dum doente mental profundo...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Demofobia

Já se conhecia a vocação (pseudo) fracturante-recalcitrante do Bloco; e, apesar da sua invisibilidade política, toda a gente já reparou na rapariga simpática e no hippie de rabo de cavalo que constituem o grupo parlamentar dos Verdes. O que até aqui se desconhecia era o pavor à democracia que estas formações partidárias revelaram com a apresentação das propostas de regulamentação do casamento homossexual no momento de crise que vivemos. Mais do que evidenciar oportunismo político - pois é disso que se trata quando grupos políticos com representação minoritária na sociedade portuguesa tentam fazer aprovar na secretaria parlamentar aquilo que sabem de antemão que nunca ganhariam no debate público -, a jogada do BE e dos Verdes revela sobretudo a (verdadeira) natureza anti-democrática, demófoba, dos partidos em questão.